A professora Maria Firmina emprestou-me o livro Tocar – O significado humano da Pele, onde se analisa um dos fundamentos da relação humana: o toque. Não apenas por seu significado físico, mas pelo simbolismo que representa. Foi do que me lembrei em duas ocasiões: na palestra de abertura das comemorações dos 10 anos do Curso de Fisioterapia da Universidade de Ijuí e quando tive chance e tempo de observar profissionais da saúde em ação.
Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos da saúde, hoje, têm uma carga estressante de trabalho, pois, em muitos casos, cumprem dupla jornada para conseguir rendimento financeiro justo. Possivelmente, este seja um dos motivos pelos quais podem até serem burocratas da área - atendendo com civilidade e cortesia - mas falta o sentido humano do trato com o paciente.
Tivemos duas pessoas internadas e, embora toda a atenção, faltava a sensibilidade de não lhes negar a noção de tempo e manter as referências que têm no dia a dia. No caso de pessoas idosas, as referências são a casa, a cama, seus remédios, pessoas que precisam de seus cuidados ou pelas quais são cuidadas. Isolá-las desta realidade é um martírio que em nada auxilia na melhora.
Um ser humano, mesmo que esteja um “caquinho”, não é uma máquina. Não adianta apenas corrigir algum mau funcionamento, há uma cabeça envolvida que pode auxiliar ou atrapalhar este processo. Neste caso, mais do que fórmulas, é necessária a capacidade de tolerância para entender o ser humano que deseja voltar para casa.
Têm-se aprimorado - e muito - as técnicas para tratar diversas doenças, mas precisamos humanizar a saúde. A debilidade provocada pela idade não tem muitos remédios possíveis. Talvez seja aí, exatamente, o momento de compensar carências com um olhar desprendido do relógio, um toque carinhoso e sem pressa e um coração aberto para um olhar cansado, que não pede muito, a não ser o respeito por uma história de vida e seus sentimentos.
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