segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Operação cara de pau

A prisão do governador do Amapá foi apenas a ponta do iceberg. O articulista Arnaldo Jabor teve um texto censurado pela Justiça, a pedido do presidente da República (ainda bem que se tem a Internet e muita gente tomou conhecimento – “A verdade está na cara, mas não se impõe”), onde desnudava o ventre do poder – em todos os níveis – mostrando a vergonha do que está sendo feito à esquerda e à direita, passando pelo centro, com recursos públicos. Em síntese: os projetos apresentados podem ser de governo, mas por trás está um projeto de poder, perpetuado de qualquer forma por grupos econômicos que têm, nos políticos, autênticos fantoches utilizados para disfarçar reais interesses.
Quando vemos o que nos apresenta a campanha eleitoral, é preciso rir, para não chorar. Nada, absolutamente nada de novo, está sendo apresentado. Praticamente todos os candidatos já ofereceram seus nomes e, em muitos casos, foram eleitos, com as plataformas que voltam a propor, mesmo não tendo cumprido promessas anteriores.
Então, como depositar um voto de confiança nestes candidatos? Os escândalos que eclodem nacionalmente ou no próprio estado mostram que os políticos ainda não se deram conta de que, eleitos, deixam projetos partidários e passam a trabalhar por projetos de estado. Consequentemente, não podem se amesquinhar achando explicável a receita federal e o governo do estado deixar vazar dados privados do cidadão, ou um banco público ter recursos desviados sem que se julgue e condene os infratores.
As explicações são dadas com tanta ênfase e com jeito de quem está sendo ofendido, que um incauto até pode ser enganado. É uma autêntica “operação cara de pau”, somente vencida pelo voto. Não temos alternativa e se o “ficha limpa” ainda é pouco, está na hora de nos livrarmos dos “bolsos sujos”. Não se engane com anúncios e estatísticas. Fique atento e, se não encontra no espectro político alguém que atenda a todos os quesitos, vote no “menos pior”. Pode ser a diferença entre mudar ou continuarmos patrocinando orgias com nossos minguados recursos.

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