Expressões de carinho sempre encantam, enternecem, especialmente quando surgem de forma inesperada. Semana passada, recebi duas mensagens - de um aluno e de um ex-aluno - que iniciavam assim: “querido professor”. Pode-se dizer que é uma expressão diferenciada, porque no meio universitário não se chega a um vínculo afetivo, que mostre outro jeito de estabelecer a relação de educador e educando.
Mas acontece. Alguns alunos conseguem vencer, inclusive, barreiras afetivas, preconceitos de que estamos em situação e patamares diferentes e que somente isto mantém uma suposta “respeitabilidade”. Não sou das pessoas mais afetivas fora do âmbito da minha família, mas confesso que tem um aperto de mão, um olhar carinhoso e um abraço de pessoas com as quais convivo, inclusive alunos, que melhoram em muito a qualidade de vida, porque fazem esquecer momentos menos agradáveis, valendo a pena apostar na educação.
De alguns alunos, é comum que isto se estabeleça depois de concluído o curso, quando se dão conta de que poderiam ter aproveitado mais – e foram avisados – mas não o fizeram, e querem uma espécie de segunda chance, uma nova oportunidade, sem matrícula oficial. Talvez seja por este motivo que não consigo me acostumar com a expressão “ex-alunos”. Muitos deles continuam mantendo contados, fazendo consultas, procurando informações sobre redação de texto, oportunidades de trabalhos e, até... situações emocionais.
Minha experiência educacional não é das maiores: leciono em comunicação social há 16 anos. Alguns de meus colegas têm 20 e até 30 anos nesta área, mas já disse que não devo lecionar mais do que três ou quatro anos. Em respeito aos próprios alunos, pois nas áreas que atuo – gráfica, redação e marketing – as mudanças são constantes, exigindo renovação. Fica uma certeza: auxiliar jovens a descobrir seus caminhos, estimulá-los a enfrentar desafios, mostrar que mesmo diante de seus medos sempre há uma alternativa, faz esperar mais vezes recados eletrônicos que iniciem por um simples: “querido professor”.
Um comentário:
Podes ter certeza que além de qualquer alcunha ou referência, não és apenas um "Querido Professor", mas também um excelente amigo, um ótimo conselheiro e, de quebra, como se não fosse muito, um baita exemplo para muitos - inclusive para mim. Figura de professor, de um amigo; de paizão que quer o bem do aluno ou de orientador (tive a honra de ser um dos muitos orientandos). Manoel e sua obra de transformar alunos em filhos. Siga sempre assim.
Um abração,
Marcos Leivas
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