Artigo da semana:
Durante um bom tempo, fui consumidor voraz de sorvetes. Havia parado de beber e transferi um pouco da minha dependência para o açúcar. Tinha a preferência por determinada marca que, além da qualidade inquestionável, acondicionava em potes mais resistentes. Quando pensei em descartá-los, meu pai pediu que não o fizesse. Entregasse a ele, que daria um destino.Já contei que o seu Manoel - meu pai, o primeiro, e não eu - era um agregador. Aumentamos a casa pela necessidade que tinha de, aos fins de semana, reunir filhos e netos que estivessem na cidade. Tendo o costume, após o churrasco, de repartir as sobras da carne, com acompanhamentos, e a explicação de que, assim, ninguém precisaria se preocupar com a janta.
Foi então que apareceram os potes. Vazios, claro, bem lavados, eram os recipientes perfeitos para fazer a separação dos alimentos, já que, de um encontro ao outro, sempre desapareciam os potes da nossa cozinha. Fui espiar onde haviam parado e, numa portinhola junto da churrasqueira, estavam as vasilhas que havia descartado e foram “recicladas” pelo pai.
Uma boa e bela lembrança de momentos felizes passados em família, especialmente nesta época de final de ano, que se apresenta, com o início de dezembro. Propício para reencontros com quem, por algum motivo, se afastou. No frigir dos ovos, a gente passa a contar o tempo em que se está longe de quem se amou, com o desejo de que não seja muito longo…
Dezembro chegou. Um mês de preparação para o Natal e Ano Novo. Tempo de encontrar os potes que continuam as festas, pois, até mesmo na janta requentada, o alimento tem sabor de lembranças. As vozes que se afastam não se apagam. Ressurgem, virando instrumentos de saudades, gatilhos para sorrisos perdidos e olhares agradecidos por ainda se viver num tempo em que se compartilha uma refeição que tem gosto de carinho…

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