sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Natal: viver na família e em família

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A melhor definição de comunicação com a qual já trabalhei é ser “interação entre pessoas que desejam se aproximar”. Elas são muitas e há muito tempo deixaram de ser apenas “um comunicador, uma mensagem e um destinatário passivo”. Assim como muitas outras palavras da nossa amada língua portuguesa, não há um sentido único, mas a necessidade de se entender o momento em que é utilizada e o seu contexto. Exatamente, em tempos em que se descuidou de valores básicos nas relações, um dos mais propícios para realimentar significados e significância é aquele que se vive nas festividades do Natal e sua proximidade, o Ano Novo.

A engrenagem comercial que praticamente lhe retirou o sentido religioso não consegue apagar a sua essência: uma celebração para se viver na família e em família. Quando existe um agregador familiar, se quotiza para fazer uma festa em que as presenças podem ter variados pensamentos, matizes ideológicas ou religiosas, sem impedir de se viver “na família”. Por outro lado, quando se perde a presença daqueles que um dia constituíram o grupo familiar é que se entende o quanto as desavenças não deveriam ter impedido de se viver este momento “em família”.

As mudanças nos costumes sociais, especialmente quando o grupo familiar precisou se distanciar geograficamente, leva a que se procure por “novos” integrantes para conviver com o mesmo sentido dos tempos passados na raiz do núcleo de parentesco. É quando se agregam os amigos mais próximos, ganhando sentido a máxima de que, muitas vezes, granjear “amigos” de verdade é continuar a família não mais com aqueles que têm laços biológicos, mas quando se estabelecem as relações de “coração”, em que se adotam novos “irmãos” de caminhada.

O Natal e Ano Novo se estabelecem como um tempo fértil para que o sentido original da comunicação – a aproximação – seja resgatado. É o período em que, mesmo que por força da tradição ou de um calendário que impõe uma pausa, a comunicação retoma o sentido de estabelecer pontes, diminuir distâncias – geográficas ou emocionais – e reafirmar vínculos. A troca de presentes, a mesa farta, os abraços calorosos, são rituais que expressam a busca por essa interação genuína, que se contrapõe à superficialidade das relações cotidianas.

A efemeridade das festas não deve limitar a redescoberta desse valor. Se a comunicação é o desejo de aproximação, o espírito das festividades inspira para se prolongar essa atitude ao longo do ano. Não apenas com quem já faz parte do círculo íntimo, mas estendendo a mão ao vizinho, colega de trabalho, o desconhecido que cruza o caminho. O Natal, mesmo despojado da roupagem religiosa, para muitos, oferece uma lição sobre a importância da presença, da escuta e, sobretudo, da interação que busca aproximar. Viver "em família" e "na família" é, no final das contas, um exercício contínuo da boa comunicação!

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