Depois de assistir matéria com a Maria Eduarda, a Clara e a Thielly, alunas da Escola Técnica Liberato Salzano da Cunha, em Novo Hamburgo, fiquei curioso com o projeto científico que reutiliza a fibra do caroço da manga, transforma em bioplástico e faz a diferença para as inúmeras embalagens que, jogadas no lixo, levarão muito tempo para se decompor. O experimento provou ser útil para serviços como lanches e, depois de usados, em três semanas, absorvidos pela natureza. O que era observação caseira, tornou-se solução para um dos grandes problemas da atualidade.
Não é sem motivo que as estudantes chegaram à final do prêmio nacional de ciências. As meninas tiveram que se esforçar muito para estar no meio de tantas iniciativas inovadoras como o sistema de irrigação alternativo de baixo custo; combate aos carunchos; extratos vegetais e biofilme orgânico; descastanhador môsa (não tenho nem ideia do que seja); pulseira alarme; reabilitação pulmonar alternativa; sistema solar de purificação de água; reaproveitamento de resíduos orgânicos para a produção de biogás e tubete agrícola de bioplástico a partir de blendas de nanocelulose.
Se você não entendeu alguns destes nomes, não importa. Também não entendi. Importa que existem jovens motivados por autênticos educadores, fazendo a diferença no que se refere ao seu futuro e pensar novos caminhos para a humanidade e o planeta. Investem as inteligências e os recursos que conseguem colocar à disposição em olhar para o outro de forma solidária, em áreas que passam por alimentação, segurança, saúde - cuidados com as pessoas e com a “casa comum”, a Terra. Em meio a perspectivas difíceis, um sopro de esperança para a melhora de vida de suas comunidades.
A experiência que as alunas passam vai marcar as suas vidas. Premiadas ou não, mostraram para seus colegas e para a sua vizinhança que o laboratório (não somente no sentido físico, mas de vida) que passaram na escola é, exatamente, onde podem acertar ou errar, mas não podem desistir. Fazer com que sintam que vale a pena (motivação) é papel do professor/educador, que não tem somente a preocupação de passar o conhecimento científico, de forma decorada, para atender a uma prova, mas alcança o horizonte por onde se vislumbra e se chega ao atendimento das demandas sociais.
“Respostas para o amanhã” não é apenas um projeto escolar desafiando estudantes a colocarem a massa cinzenta para funcionar, além da fronteira curricular. Pode ser uma perspectiva de saída da pandemia. Serão muitas as dificuldades, em especial para grupos sociais mais pobres. O “amanhã” nunca é tão longe que se possa postergar a decisão de dar novo sentido à vida. Abraçar uma causa é sempre o jeito de não olhar apenas para as próprias fragilidades, mas a compreensão de que meu pequeno mundo - físico, mental, espiritual - é, sim, o começo de uma significativa resposta!