A série "Lista Negra" é violenta, sugerindo que "mocinhos" não são tão "mocinhos" e "vilões" não são bem aquilo que se pensa... Dentro da ideia de que, no homem, não há apenas o bem em estado puro - tão pouco o mal - mas que as duas coisas, em algum momento, se misturam ou convivem. Numa cena, Elizabeth é perseguida, está grávida, em plena cerimônia de casamento, invadida e ela é o objeto de sequestro! Começa a fuga e a perseguição. Mistura suficiente para manter a tensão e a curiosidade para saber o que iria acontecer.
Quando se dá o inesperado. Pronta para dar à luz, é levada para uma boate abandonada, onde foi montada uma estrutura que lhe dê assistência, já que não pode ser atendida num hospital. Com medo, fica sabendo que é um parto de risco. Tom, o marido, segura sua mão e tenta acalmá-la. Conversa e pergunta: "como pensou que seria este momento?" Esboço de sorriso e a resposta: "queria que fosse um momento mágico!" Em meio à tensão estampada em seus rostos, há um traço de descontração... Ele diz: "Isto eu posso fazer!"
Para surpresa dos atendentes e seguranças, vai até o lugar do controle do som e das luzes da casa noturna e transforma o espaço. A música calma que embalou seus encontros amorosos mistura-se com a sequência de luzes que reenergizam e acalmam o ambiente. Aos poucos, o parto vai se concretizando com uma paciente já mais tranquila e o nascimento do bebê, uma linda menina, mesmo que se aproximem dois momentos tristes e dolorosos (os amantes do cinema chamariam de "spoiler"...)
Não sou de assistir novelas e me acostumei a acompanhar séries. Esta tem um bom roteiro (até quando as coisas não parecem verdadeiras), ação e a impressão de que, nas mãos dos grandes "irmãos do norte" (os americanos) todos os problemas existem exatamente para que eles deem uma solução... Neste caso, embora se espere que, em algum momento, se retome a ação, há uma tranquilidade que remete para relações mais simples: uma nenê vindo ao Mundo assusta por não chorar e o médico diz: "eles, às vezes, esquecem de respirar..."
Fiquei pensando nos pequenos momentos mágicos que tenho recebido: um amigo veio até meu portão para dar um oi e saber se eu estava bem... o meu sobrinho neto Miguel achou que a Daniele (a mãe) fizera uma ligação - mas era uma mensagem de voz - e sussurrava: "bom dia, tio Maneca... Tio Maneca, tio Maneca... eu acho que ele fugiu!" uma vizinha que traz um potinho com um prato de mocotó ou o vidro com um litro de mel; os pequenos carinhos que acalmam a alma e dão razão aos momentos de reclusão, não deixando a vida perder o sentido...
A magia não está apenas quando uma lei da Natureza é quebrada, mas quando se "quebram" expectativas e transforma o previsto em momento singular. Nem sempre se está na pista de dança para acionar "aquela música", "aquele jogo de luzes", que nos jogam nos braços da saudade... O momento mágico é a felicidade que não ousamos pedir, mas alguém teve sensibilidade de sentir que precisávamos e ofertou sem esperar retribuição... a não ser um olhar, um sorriso.... e, quando der, um beijo e um abraço!