Na semana passada parei para ouvir com atenção vídeos do cordelista Bráulio Bessa, no programa Fátima Bernardes, com poesias em que mistura o cheiro da terra, sabores da vida e da convivência humana. Foi também a oportunidade em que comuniquei ao Instituto Paulo VI que não cursaria o segundo ano de Teologia.
Depois de me deparar com o primeiro, recorri ao YouTube e fui assistindo encantado àquele nordestino mostrando que fazer poesia não é apenas revestir de rimas os sentimentos. Mas a busca incansável da palavra mais próxima para que dos olhos transbordem sentidos, inclusive religiosos, também os ligados ao Mistério.
O mesmo que eu procurei ao longo do ano passado em estudos e na convivência nas dependências do Seminário Diocesano. Quando iniciei tinha um objetivo muito claro: a minha formação para auxiliar, especialmente, aqueles que se preparam para a liderança dentro da Igreja Católica: sacerdotes, diáconos e ministros.
O cordelista afirma num de seus poemas que "o tempo é um segredo e acredite: é muito cedo pra dizer tarde demais". Mais: "a corrida da vida, aprende-se a caminhar... a vida já é tão curta, é preciso aproveitar. Esta estranha corrida, que a chegada é a partida e ninguém pode evitar".
Ao longo do ano - como aluno e como professor - me ofereci para discutir os processos didáticos e pedagógicos da formação. Por diversas circunstâncias, as mudanças aconteceram sem a participação tanto do corpo docente, quanto discente, ou, se aconteceu, foi de forma esporádica e sem que se fizesse conjunto.
Bráulio Bessa diz que "aprende na despedida que o sentido desta vida é sempre seguir em frente". Havendo quem melhor possa fazer com que se aperfeiçoe o processo, recolho-me. Não é somente uma questão de projeto burocrático, mas uma mística que se deixa para trás ao contemplar o "acadêmico" em detrimento do pastoral.
Uma das melhores lembranças da infância era meu pai colocando sobre uma pedra uma rapadura e cortando com uma facão. Os pedaços eram disputados e valia a pena o esforço para sorver tanta doçura. Chamar ao quadro de "poesia com rapadura" é misturar literatura com um quê de divino: aguçando todos os sentidos!
Como educador, tento mostrar que aguçar os sentidos é exatamente a capacidade de construir conhecimento necessário para melhorar as relações. Porque, "nunca é tarde pra sonhar... e entender que a esperança nem sempre será visível", pois "a vida é uma corrida que não se corre sozinho, que vencer não é chegar, é aproveitar o caminho"!
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