domingo, 11 de fevereiro de 2018

Com sabor de poesia com rapadura

Na semana passada parei para ouvir com atenção vídeos do cordelista Bráulio Bessa, no programa Fátima Bernardes, com poesias em que mistura o cheiro da terra, sabores da vida e da convivência humana. Foi também a oportunidade em que comuniquei ao Instituto Paulo VI que não cursaria o segundo ano de Teologia.
Depois de me deparar com o primeiro, recorri ao YouTube e fui assistindo encantado àquele nordestino mostrando que fazer  poesia não é apenas revestir de rimas os sentimentos. Mas a busca incansável da palavra mais próxima para que dos olhos transbordem sentidos, inclusive religiosos, também os ligados ao Mistério.
O mesmo que eu procurei ao longo do ano passado em estudos e na convivência nas dependências do Seminário Diocesano. Quando iniciei tinha um objetivo muito claro: a minha formação para auxiliar, especialmente, aqueles que se preparam para a liderança dentro da Igreja Católica: sacerdotes, diáconos e ministros.
O cordelista afirma num de seus poemas que "o tempo é um segredo e acredite: é muito cedo pra dizer tarde demais". Mais: "a corrida da vida, aprende-se a caminhar... a vida já é tão curta, é preciso aproveitar. Esta estranha corrida, que a chegada é a partida e ninguém pode evitar".
Ao longo do ano - como aluno e como professor - me ofereci para discutir os processos didáticos e pedagógicos da formação. Por diversas circunstâncias, as mudanças aconteceram sem a participação tanto do corpo docente, quanto discente, ou, se aconteceu, foi de forma esporádica e sem que se fizesse conjunto.
Bráulio Bessa diz que "aprende na despedida que o sentido desta vida é sempre seguir em frente". Havendo quem melhor possa fazer com que se aperfeiçoe o processo, recolho-me. Não é somente uma questão de projeto burocrático, mas uma mística que se deixa para trás ao contemplar o "acadêmico" em detrimento do pastoral.
Uma das melhores lembranças da infância era meu pai colocando sobre uma pedra uma rapadura e cortando com uma facão. Os pedaços eram disputados e valia a pena o esforço para sorver tanta doçura. Chamar ao quadro de "poesia com rapadura" é misturar literatura com um quê de divino: aguçando todos os sentidos!
Como educador, tento mostrar que aguçar os sentidos é exatamente a capacidade de construir conhecimento necessário para melhorar as relações. Porque, "nunca é tarde pra sonhar... e entender que a esperança nem sempre será visível", pois "a vida é uma corrida que não se corre sozinho, que vencer não é chegar, é aproveitar o caminho"!

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