Um comentarista de plantão foi pontual em afirmar: o grande problema, na política, hoje, é que não temos políticos de referência. Imediatamente, meu pensamento retornou a diversos nomes da história do Brasil de homens de ponta que tinham o que se chamava de "moral ilibada", construíram suas vidas e suas carreiras a partir de valores éticos e morais, que vinham antes de suas opções partidárias.
Mas não é tão simples assim. Do que acompanhamos em todas as denúncias e investigações na Justiça, à esquerda, ao centro e à direita, o que vemos são homens e mulheres que se deixaram envolver pelo emaranhado de uma força maior: a economia! Por detrás daqueles que utilizaram mal os recursos públicos existem grupos econômicos que beneficiam políticos, mas saem com polpudos resultados.
No tabuleiro das relações internacionais, um lance chamou a atenção: depois da condução coercitiva do ex-presidente Lula, o dólar baixou e as bolsas subiram. Não entendo de economia, mas veio a explicação: enquanto há um grupo que não se preocupa em navegar por águas turvas da corrupção, um outro procura ver que as instituições, especialmente o Judiciário, funcione. A clareza das leis e a sua aplicação seria garantia para seus investimentos.
Não existem economistas bonzinhos, que se preocupem com o bem social. Antes querem ver onde vão ganhar mais, com o retorno de seus investimentos. O que parece uma grande confusão onde investigações, prisões, exposição de figuras públicas e das caveiras que estavam em nossos armários é visto como um sinal de que os armários estão sendo limpos e há uma esperança de novos caminhos e novas perspectivas.
As crises são oportunidades para a renovação. Embora não haja no horizonte um político com envergadura para tomar a si um processo de unificação nacional, temos que encontrá-lo. Infelizmente, não está na relação dos que estão hoje na mídia. Praticamente todos têm dívidas com a Justiça ou são oportunistas e, se tivessem oportunidade, fariam o mesmo.
Esquerda e direita sofrem a síndrome da vitimização. Dificilmente aceitariam fazer um acerto nacional. Mais difícil, ainda, quando se sabe que este acordo precisa passar por uma reformatação da cultura nacional, que há gerações fez um acordo implícito por corroer princípios éticos quando se aceita atestados falsificados, passa a mão sobre falcatruas dos filhos, esquece de praticar as relações mais básicas do social... A crise pode ser uma oportunidade. Mas pode ser apenas mais um capítulo da mídia que aumenta a fome pela espetacularização, servida todas as noites em nossos telejornais.
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