O Evangelho de Lucas e o livro de Atos formavam apenas dois volumes de uma mesma obra, os quais dariam hoje o nome de História das Origens Cristãs. Lucas provavelmente não atribuiu a este segundo livro um título próprio. Somente quando seu evangelho foi separado dessa segunda parte do livro e colocado junto com os outros três evangelhos é que houve a necessidade de dar um título ao segundo volume. Isso se deu muito cedo, por volta de 150 dC. Tanto em sua intenção quanto em sua forma literária, este escrito não é diferente dos quatro evangelhos.
O objetivo desse livro é mostrar a ação do Espírito Santo na primeira comunidade cristã e, por ela, no mundo em redor. O conteúdo do livro não corresponde ao seu título, porque não se fala de todos os apóstolos, mas somente de Pedro e de Paulo. João e Felipe aparecem apenas como figurantes. Entretanto, não são os atos desses apóstolos que achamos no livro, mas antes a história da difusão do Evangelho, de Jerusalém até Roma.
Enquanto a identidade exata do autor é debatida, o consenso é que este trabalho foi composto por um gentio de fala grega que escreveu para uma audiência de cristãos gentios. Os Pais da Igreja afirmaram que Lucas era médico, sírio de Antioquia e um adepto do Apóstolo Paulo. O autor de Atos invocou várias fontes, bem como a tradição oral, na construção de sua obra do início da igreja e do ministério de Paulo. A prova disso é encontrada no prólogo do Evangelho de Lucas, onde o autor faz alusão às suas fontes, escrevendo: Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas.
Acredita-se que o autor de Atos não teve acesso a coleção de cartas de Paulo. Uma parte das evidências sugere que, apesar do livro citar o autor acompanhando Paulo em boa parte de suas viagens, Atos nunca cita diretamente nenhuma das Epístolas paulinas, nem menciona que Paulo escrevia cartas. As discrepâncias entre as epístolas paulinas e Atos apoia ainda a conclusão de que o autor de Atos não tem acesso a essas epístolas ao redigir seu livro.
Entretanto, a melhor explicação para o uso do pronome nós a partir de Atos 16 é que o próprio Lucas esteve com Paulo nessas ocasiões. A sua lembrança como testemunha ocular, juntamente com o contato pessoal bastante próximo com o apóstolo Paulo, explica melhor o material de Atos 16-28. Por fim, foi nessa região que surgiram algumas controvérsias e alguns protestos públicos contra ele (por exemplo, Atos 19:23-41). Sendo assim, o trabalho de Lucas seria uma tentativa de fazer uma apologia da Igreja Primitiva contra as acusações da Sinagoga que pretendia influencias a política romana. É bom lembrar que o judaísmo tinha muita força na Ásia
Precisão histórica - A questão-chave da controversa da historicidade do livro é a descrição que Lucas faz de Paulo. Atos descreve Paulo diferente de como ele descreve a si mesmo em suas epístolas, tanto historicamente quanto teologicamente. Atos difere das cartas de Paulo sobre questões importantes, tais como a Lei, o apostolado de Paulo, bem como sua relação com a Igreja de Jerusalém. Os estudiosos geralmente preferem os relatos de Paulo. O cerco e destruição de Jerusalém, por David Roberts. Para os especialistas, a não menção da rebelião judaica e da destruição da cidade ocorrida em 70 dC aponta para uma data anterior ao episódio. (Fonte: Wikipedia)
Continuamos no dia 27 de maio.
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