De tudo o que vi, ouvi e li sobre o novo papa Francisco, ficou-me a impressão de que pode ser um papa reformador. Seu perfil de pastor, com formação jesuítica, aponta para um homem que tem, além de uma vasta formação cultural, também uma disciplina que está faltando ao Vaticano e a seus quadros diretivos.
Não confundir reformador com inovador. Tudo indica que as mudanças se darão para que a Igreja retome seus caminhos, desafiando alguns carreiristas que veem nos quadros da cúpula da instituição apenas a chance de galgarem postos e obter poder.
Comedido nos gestos, sua primeira aparição mostrou simpatia, humildade e que é frugal nas palavras, mas capaz de dizer pontualmente o que todos ansiávamos por ouvir. Um papa que cuida da própria casa, cozinha seu alimento, anda de ônibus e metrô se contrapõe àqueles que gostam do excesso de regalias e de vestes que não aproximam do povo, mas que colocam estas figuras em “patamares superiores”.
Sorriso inseguro na primeira aparição foi enganador com referência aos dias posteriores onde sorriu com fartura, abriu mão de tudo o que era acessório nos rituais e manteve a cruz de prata (símbolo dos bispos), afirmando ser “bispo de Roma”!
Não acreditem que Francisco aceitará a discussão a respeito de casamento gay, aborto e outras questões que a dita sociedade organizada deseja colocar como pauta para a Igreja. Segue a tradição da Igreja em levar algum tempo para “aceitar” os novos padrões sociais. Veja-se a discussão sobre o segundo matrimônio que, hoje, se não é aceito, ao menos é tolerado.
Um grupo de cardeais descontentes com os atuais rumos do Vaticano – aí incluído o próprio Bento XVI, que não teve forças para fazer as mudanças e por isto renunciou – apostou num papa idoso, mas com formação e índole para iniciar, ao menos, a transparência nas questões internas da Igreja. A transparência com a sociedade é consequência da primeira. Eu, confesso, fiquei com esperança: creio que vale a pena acreditar em novos tempos para a Igreja Católica, Apostólica, Romana!
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