Por mais indiferente que alguém possa ser, nos últimos dias, não há como não voltar os olhos para Santa Maria e compartilhar a dor que familiares e amigos enfrentam pela perda de mais 200 jovens, no incêndio que causou uma tragédia anunciada numa boate que, pelas descrições de hoje, era uma autêntica ratoeira. Desencadeou um processo de cobrança pelo Estado e pelo País, por onde proliferam espaços em que se aglomeram pequenas multidões, às vezes em piores situações – não escapando espaços de festas (o caso), mas também os religiosos e esportivos.
O trauma foi tão grande que, hoje, os principais envolvidos querem fugir de suas responsabilidades: o dono diz que não foi, os músicos que todos sabiam que usavam os sinalizadores (origem do incêndio), os bombeiros que não se responsabilizam pelos alvarás e a prefeitura que não foi informada da situação.
Ainda bem que uma grande mobilização da sociedade e dos meios de comunicação indica que as coisas não ficar assim e que, em todos os níveis, é preciso desmascarar um esquema daqueles que fingem que estão fazendo e, quem fiscaliza, finge que viu o “não feito”.
Nesta hora, a imprensa tem um papel propositivo. Num primeiro momento, era preciso narrar as histórias daqueles que, infelizmente, foram os protagonistas, humanizando seus relatos (sem chegar – embora isto tenha acontecido em muitos momentos – ao sensacionalismo). Exageros à parte, os meios de comunicação passam a ter um duplo papel: prestadores de serviços e, com certeza, dar transparência a todas as investigações!
O primeiro caso tem sido emblemático quando se noticiou insistentemente a necessidade de doação de sangue – fazendo com que muitos bancos de sangue tivessem que agendar doadores. Também esclareceu algo que nós, a maior parte, não sabíamos: a doação de pele! Tão ou mais importante que outros órgãos, porque é utilizada, no caso de queimados, para a sua recuperação.
Também é importante o fato de noticiar todo o processo de investigação, além de levantar dados que, em muitos casos, nem as autoridades têm interesse em divulgar. A imprensa não tem poder de polícia, mas pode – e deve – fazer com que as autoridades cumpram seu papel, deixando de lado interesses políticos e econômicos, beneficiando a população e a sociedade.
Cumprido este papel, é hora de dar a paz àqueles que partiram. Seguiram cedo, mas o que lhes aconteceu terá o significado de uma dupla tragédia se não tiverem todos os fatos esclarecidos, pessoas e instituições responsabilizadas e punidas! O que se pode desejar é: descansem em paz!
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