Diversas figuras do cenário nacional têm solicitado que se discuta uma questão muito séria: o Brasil tem ou não tem condições de sediar uma Copa do Mundo de Futebol? Se olharmos pela lógica de mercado, sim. Muitos serão os negócios, muitos serão os investimentos, além da circulação de dinheiro, a possível criação de novos empregos. Pela lógica social é que chegam as questões: qual é o custo para um país que ainda enfrenta tantas mazelas e os apregoados benefícios, existirão de fato?
A primeira pecha que se dá a quem levanta estes questionamentos é de atrasado, inimigo do desenvolvimento, arauto da desgraça. O noticiário recente tem mostrado que eles estão com a razão. A recente copa da África não deixou os benefícios anunciados e uma série de “elefantes brancos” foram erguidos e, hoje, estão abandonados.
Por aqui, o apregoado é que o governo investirá muito pouco. Verdade, diretamente. Inverdade, indiretamente. A movimentação da área bancária ligada ao governo já detecta que o previsto para ser investido poderá ser multiplicado por dois ou três. Mais ainda, que as mesmas empresas que sempre lucram com estes eventos é que serão beneficiadas e que o seu retorno social é, no mínimo, duvidoso.
Ainda temos uma população na faixa da miserabilidade. Enquanto a copa do mundo pode ser realizada no nosso país em dez, vinte ou trinta anos, os investimentos que não se farão em educação para as crianças e os jovens de hoje – salários de professores, infra-estrutura, alimentação, saúde - não terão uma nova chance. As marcas que receberão de uma educação capenga é o legado que levarão para o resto de suas vidas.
Gosto muito de futebol. Mas lembro sempre do seu Chico Silva (para os saudosistas, foi o gerente das extintas Loja Principal), quando dizia que este esporte passou a ser apenas uma questão de negócios e que o beijo no distintivo da camiseta é volúvel e facilmente trocado. Por favor, não transformem a realização da copa numa cruzada nacional capaz de salvar a pátria. Não vai. Será apenas uma chance de bons negócios, para poucos, e um investimento errado como, infelizmente, estamos acostumados a ver no Brasil.
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