Leo Buscaglia participou de um concurso entre alunos que deveriam contar histórias de outras crianças. Um deles escreveu o que foi vivido por uma amiga da mãe: “Na véspera do Natal, a senhora - já com os filhos criados e distantes – passou em frente a uma loja de calçados, quando viu uma criança relativamente bem agasalhada, mas de chinelos de dedo. Pensou em seguir adiante, mas se deu conta de que não teria ninguém a quem presentear e que ali estava o momento para fazer uma boa ação. Voltou e quis saber se a criança precisava de calçados. A resposta foi de que só tinha o que estava em seus pés. Pegou-a pela mão e entrou na loja. Com a ajuda de um atendente, lavou os pés e experimentou meias e calçados. Na saída, a criança perguntou se podia fazer apenas uma pergunta. Curiosa, disse que sim. Olhinhos umedecidos de gratidão: a senhora é a mulher de Deus?”
Claro que não houve resposta, porque a emoção falou mais alto. Mas era exatamente o que ela sentia: “sou a mulher de Deus!”. O instrumento utilizado por Deus para dar àquela criança ao menos uma alegria num tempo de tantas contradições: excessos por parte de alguns e falta para muitos; exageros no consumo e olhos ávidos de recolher as migalhas que caem das mesas; sentimentos contraditórios entre viver Papai Noel e a lembrança do nascimento de Jesus.
Na sua infinita bondade, Deus não precisa de mãos, desde que possa contar com as nossas para atender àqueles que necessitam. Não é uma questão de anestesiar nossa consciência, em momentos marcantes, fazendo donativos, entregando esmolas que não mudam o jeito de viver de quem está precisando.
Aquele gesto simples fez com que a senhora se desse conta de que vivia no apego às recordações que os filhos tinham deixado e esquecido que o Mundo continuava a passar à sua volta. Ter sido vista como a “mulher de Deus” fez a grande diferença de vida, não apenas como a intenção de um Natal, mas de vivenciar o espírito natalino. O Jesus que nasce novamente quer olhar nos nossos olhos e dizer: “vocês são meus homens e minhas mulheres. Preciso da presença de vocês no mundo para que o mundo sinta a minha presença”. Feliz Natal, homens e mulheres amados por Deus!
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