Os números variam conforme os institutos de pesquisa, ou de acordo com as entidades que os analisam, porém o certo é que a classe média brasileira, na virada da década, gira em cerca de 50% da população. Também os critérios para se chegar a estes parâmetros não são muito seguros, entretanto, empiricamente falando, é uma fatia da população que, tendo mais dinheiro em mãos, consegue atender não apenas às necessidades básicas, mas faz investimentos, por exemplo, na casa própria e no automóvel.
Honestamente, ninguém, em sã consciência, pode dizer que estes números não sejam bons, embora eles, de cara, desnudem alguns problemas. O primeiro é o de que, incentivados por um tipo de cultura, lançam esta classe social em desmandos consumistas desnecessários, mas apresentados como necessários. E, então, o salário já não é suficiente, sendo preciso partir para o crédito a fim de aumentar a possibilidade de consumo, o que causa um desequilíbrio financeiro difícil de ser ajustado. Depois, a facilidade do crédito desacredita algo que, historicamente, sempre foi necessário para que se sedimentasse uma economia: a poupança, recursos devidamente guardados e investidos para imprevistos que a vida possa apresentar.
Também se podem questionar fatores estruturais, pois se tendo uma máquina administrativa com tantos problemas e mostrando seguidamente desvios de conduta, há quanto tempo não poderíamos ter tido mais gente vivendo na classe média e usufruindo de benefícios sociais? Historicamente, é esta classe que provoca as maiores mudanças, especialmente quando asfixiada, como aconteceu no início da década passada. Sabendo que não pode contar com a estrutura pública de governo, também provoca o investimento em áreas alternativas, como educação, saúde e segurança.
A inserção contínua e segura de parcelas da população na classe média significa um aumento de consciência, pela simples razão de que, podendo gastar mais, também pode exigir qualidade dos serviços prestados, dos públicos especialmente. É bom que se esteja alerta: afinal, é esta classe média que chega à segunda década do século podendo dar ao Brasil a paz social que todos sonhamos e que gostaríamos de ter em perspectiva.
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