domingo, 15 de fevereiro de 2009

Um linchamento político

A campanha veiculada pelo Centro dos Professores do Estado, mais uma dezena de sindicados ligados ao setor público, deflagrou o processo eleitoral de 2010. Preparado com painéis que destacavam “a face da corrupção”, “a face da violência”, entre outros, mostrava uma foto sem definição. No dia 12 de fevereiro, em ato público, as entidades mostraram que a face era a da governadora Yeda Crusius.
A governadora vem enfrentando problemas que os últimos governadores enfrentaram, agravados pela crise financeira nacional e internacional. Não foi diferente com Germano Rigoto (PMDB) e Olívio Dutra (PT), somente para falar nos mais recentes. O movimento visa afastar a governadora do Piratini. Ora, está aí uma coisa que estas entidades ainda não entenderam: a governadora foi eleita pelo voto popular, apesar de descontentar parcelas da população, e deve ser julgada pelo voto popular para uma possível “cassação”. A outra forma de cassação se dá nas instâncias dos poderes legislativos e judiciário, sendo que, para isto, é necessário que comprovadamente existam crimes praticados pela própria ou com o seu apoio.
Não sendo o caso, o que está se deflagrando é um processo de linchamento político, baseado em opções ideológicas. Todos nós sabemos que o gênio da governadora é forte e que decisões são tomadas sem muito jogo político. Para contrapor, os ideólogos da esquerda foram buscar alguém com perfil semelhante, no caso a presidente do Centro dos Professores, Rejane Silva de Oliveira.
A deflagração da campanha, com tanto tempo de antecedência, preocupa. Não creio que seja bom ter pela frente ao menos três semestres letivos, com as categorias profissionais sendo incitadas a mobilizações que, como vimos na greve recente, acabou não dando em nada, mas prejudicando, de fato, aos alunos e, indiretamente, aos pais.
É perceptível a intransigência de ambos os lados. O que se gostaria era ver governo e o Centro direcionando sua atenção para os sérios problemas que temos na educação. Claro que ninguém nega o direito de cada um fazer as suas opções políticas e ideológicas. Mas ficando claro que, diante do quadro atual, preocupante, suas energias serão direcionadas para pensar a figura central da sua existência profissional: o aluno e o processo de educação. O evento da semana passada não foi neste nível e deixou a impressão de que está se apostando no “quanto pior, melhor”. Tomara que eu esteja enganado.

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