Alguns autores dizem que um bom jornalista é um bom contador de história. Exageros. Um bom jornalista é também um bom contador de histórias, mas tem mais bala na agulha, porque é capaz de fazer uma boa descrição e uma boa dissertação.
Embora já tenha acreditado que a maior parte das matérias que resultam em reportagens sejam narrativas, acabei vendo, pelo dia a dia, que as matérias descritivas tomaram impulso e são aquelas que se tornam capazes de expressar melhor a nossa realidade.
Na verdade, sabendo que o Jornalismo não é uma ciência exata (para alguns sequer é ciência), também sabemos que os três gêneros não aparecem em seu estado puro: o que há é a predominância de um deles, valendo-se de alguns elementos dos demais.
No entanto, quando converso com meus alunos fico preocupado com o fato de que são poucos aqueles que querem se exercitar contando uma boa história. A maior parte quer partir para a objetividade, que tem maior espaço nas matérias descritivas e dissertativas.
Não tenho nada contra, mas, creio, a perda da força narrativa acaba fazendo com que se perca um pouco do tempero que dá aquele sabor especial a um texto. Perder um pouco de tempo garimpando informações que possam contextualizar e preencher os espaços de uma matéria burocrática acaba fazendo o diferencial para aquele leitor que se sente satisfeito ao final de uma leitura, com o insubstituível sabor de quero mais.
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