Artigo da semana:
Se não existia, criei a expressão “mudanças sempre causam lambanças”. Por temperamento, preciso de um tempo para amadurecer qualquer coisa que me tire da rotina. Ainda mais que a novidade se chamou deixar onde praticamente nasci (viemos de Canguçu para Pelotas em 1959) e lá fiquei por 64 anos, com idas e vindas, sempre onde deixei minhas referências. O lugar que acolheu a mim e a minha família como migrantes numa mistura de carinho e desafio.
Depois de todo este tempo, parti da casa velha onde exercitei minha capacidade de “imitador de arquiteto” com inúmeras construções do tipo “puxadinhos”, ao ponto de que meu padrinho Valdemar brincar comigo e com a Neli (sua esposa) “do que nós iríamos inventar de novidade”. Meu pai construiu o primeiro corpo da casa, depois foi tudo comigo. Com pouco dinheiro, ainda jovem, eu e meu irmão construímos dois quartos independentes na parte superior da casa.
Depois, meu puxadinho chegou a um apartamento completo, onde passei mais de 30 anos. Para juntar as duas casas, um jardim de inverno. E como meu pai era agregador nato, a área gourmet, onde ele e meus cunhados, além de amigos, exercitaram a arte do churrasco. Habilidade que eu não tenho (sequer paciência) de esquentar a barriga na beira do fogo. O tempo levou aqueles com quem tive a alegria de conviver. E a casa foi se tornando grande demais para uma pessoa só.
Como sei que só pego de arranque, conversei com a Roberta, que já alugava a parte debaixo, onde funciona um salão de beleza há mais de cinco anos. Em outras ocasiões, havia manifestado interesse na casa inteira. Propus trocar pela moradia que a Roberta tinha no residencial Moradas Club, ainda na vila Silveira. Ajustamos os finalmente dos “pilas” e chegamos a um acordo. Adverti: o que tiver que ser feito, tem que ser para ontem. “Se eu pensar demais, desisto”.
Tive a ajuda de muitas mãos, inclusive da Roberta e sua irmã, a Renata. Objetivas, competentes, supriram minha total incompetência em organizar transporte e acomodação. Em certos momentos, senti-me tonto e, então, era seguir o fluxo. Hoje, já estou bem instalado, sentindo que a mudança não precisa ser ruim, mas alcançar novos patamares, até nas relações humanas. Não importando a idade e sim não perder a oportunidade de ressignificar a própria história.
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