Não acompanhei noticiários no final de semana de 17 e 18 de agosto. Estava envolvido em atividades de preparação dos Ministros da Palavra e da Eucaristia da Igreja Católica, em Rio Grande, no sábado; assim como da Pastoral da Comunicação, em Pelotas, no domingo. Segunda pela manhã, quando comecei a ouvir os relatos, fiquei chocado com a tragédia: a morte da Emily, de dois dias, seus pais e o motorista do carro da Prefeitura de Cristal que os levaria de volta ao lar e aos braços dos seus três irmãos.
Num trechos não duplicado da BR 116 (o que é a maior parte), uma ultrapassagem mal sucedida e uma colisão frontal. Infelizmente, há muitos anos, pessoas perdem a vida nesta estrada e alimentam contabilidade macabra - cruza do descaso e incompetência das autoridades públicas com um sentimento de inferioridade da região - que vê, na sua concretização uma espécie de favor: migalhas que se concedem aos cidadãos, que pagam impostos de primeiro mundo e recebem serviços de quarto, quinto...
Quem viajou com uma criança pequena no carro sabe que o balanço e o ruido abafado do motor são elementos para que durma durante bom tempo. Maiores e mais atentas, passam a olhar tudo o que podem acompanhar pelas janelas. Não vai ser o caso da Emily... Pelo jeito, de família pobre, voltava ao anoitecer numa "carona" pública que foi a sua primeira e última viagem. Tornou-se mais uma mártir da BR 116!
Fatalidades sempre vão acontecer. Mas aquelas que se dão por choque quando veículos trafegam em sentido contrário, se não podem ser completamente eliminadas, podem ser sensivelmente diminuídas com estradas duplicadas. Até nestas, como naquele final de semana, acontecem acidentes tipo o do motorista que destruíu a frente do seu caminhão, porque se chocou com o da dianteira, que bateu num terceiro...
A Emily alimenta uma estatísticas que já se tornou rotina. No interior, há o costume de que, com a morte em acidente na estrada, ali seja colocada uma cruz. A lembrança da imperícia humano - manutenção do serviço público ou descuido de um motorista - que levou à perda de uma vida. Hoje, se fossem colocadas cruzes para todas as existências ceifadas pela BR 116 faríamos uma longa, penosa e dolorida alameda da morte.
Há uma cruz a mais na estrada... Quando circular de ônibus, de carro ou caminhão pela rodovia, faça uma prece. Não importa sua filosofia ou religião, mas que não se permita que estas pessoas tenham morrido em vão. Motive lideranças sociais, políticas, dos meios de comunicação a não desistir. E quando a estrada ficar pronta, que haja um longo instante de silêncio pelos mártires de todas as idades, sacrificados no altar da imprudência, incompetência e, porque não, de todas as nossas omissões...
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