Uma editora do centro do País publicava, a cada final de ano, uma obra chamada “Criança tem cada uma”. No primeiro semestre, especialmente pais e parentes reuniam histórias em que o personagem principal era uma criança, enviavam e aguardavam pela seleção que rendia, além de um dos livros mais vendidos, gostosas gargalhadas. Tenho falado da minha vontade de realizar projeto parecido, pois somente na minha família já teria algumas dezenas a serem enviadas. Claro que não basta a história ser engraçada, precisa ter um toque especial que apenas a criança sabe dar.
Meu sobrinho, Renan, ficou conhecido ao protagonizar algumas, criando bordões repetidos em família até hoje, como: “além de pobre, é surdo” ou “tu não sabes nem cuidar de uma criança!” No primeiro caso era a mania que tinha, ainda pequeno, de entrar na conversa dos adultos e querer vez e voz. Quando não era “respeitado”, registrava seu protesto dizendo que as pessoas “além de pobres, eram surdas”. Não bastava apenas uma desgraça, eram duas.
A segunda história se passou quando ele esperava pelo café, ajoelhado numa cadeira e balançando para frente e para trás. Avisado de que corria perigo, nem se importou. Meu pai foi para a cozinha e, em seguida, ouviu o barulho de cadeira indo ao chão. Voltou e viu o pequeno já se levantando sem problemas. Seu pecado foi ter rido da situação. Entre o chão e a cadeira, o pequeno sentenciou: “tu não sabes nem cuidar de uma criança!”
Mas as gerações se sucedem e se modernizam. Agora é a vez do Murilo, sobrinho-neto, de seis anos. Dia destes, em plena Missa, enquanto sentávamos e levantávamos nos momentos oportunos, ele sussurrou bem sério para a tia: “o que me cansa nestas Missas é este senta-levanta!”. Na mesma ocasião, ao anunciarem um cântico, olhou para mim e tascou: “qual é mesmo o canal?”
Estas são algumas das histórias que conto e despertam nas pessoas a vontade de narrar as suas, pois a sagacidade vem junto com a presença de espírito de pequenos que desejam ocupar um espaço na vida. Na simplicidade, dão lições que não esperamos ouvir. Infelizmente, as crianças de hoje já não são as mesmas e se envolvem com as mazelas da vida cada vez mais cedo. Suas tiradas já não merecem a devida atenção, pois queremos - em muitos casos, pela miséria e a guerra, por exemplo – que sejam miniaturas de adultos. Não o são e merecem respeito em cada etapa, com suas características, especialmente, o encantamento.
A segunda história se passou quando ele esperava pelo café, ajoelhado numa cadeira e balançando para frente e para trás. Avisado de que corria perigo, nem se importou. Meu pai foi para a cozinha e, em seguida, ouviu o barulho de cadeira indo ao chão. Voltou e viu o pequeno já se levantando sem problemas. Seu pecado foi ter rido da situação. Entre o chão e a cadeira, o pequeno sentenciou: “tu não sabes nem cuidar de uma criança!”
Mas as gerações se sucedem e se modernizam. Agora é a vez do Murilo, sobrinho-neto, de seis anos. Dia destes, em plena Missa, enquanto sentávamos e levantávamos nos momentos oportunos, ele sussurrou bem sério para a tia: “o que me cansa nestas Missas é este senta-levanta!”. Na mesma ocasião, ao anunciarem um cântico, olhou para mim e tascou: “qual é mesmo o canal?”
Estas são algumas das histórias que conto e despertam nas pessoas a vontade de narrar as suas, pois a sagacidade vem junto com a presença de espírito de pequenos que desejam ocupar um espaço na vida. Na simplicidade, dão lições que não esperamos ouvir. Infelizmente, as crianças de hoje já não são as mesmas e se envolvem com as mazelas da vida cada vez mais cedo. Suas tiradas já não merecem a devida atenção, pois queremos - em muitos casos, pela miséria e a guerra, por exemplo – que sejam miniaturas de adultos. Não o são e merecem respeito em cada etapa, com suas características, especialmente, o encantamento.
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