Grupos cristãos e de defesa dos direitos humanos estão pedindo atenção do Mundo para o que acontece em regiões da Síria, onde se dá o confronto entre o governo e opositores. A região de Ghouta é a imagem da dor: crianças, mulheres e idosos tentam fugir ao confronto e morrem ou são feridas em meio ao fogo cruzado.
O tabuleiro político/econômico da região coloca o governo Sírio - aliado à Rússia - tentando sufocar um dos últimos pontos de resistência exatamente junto à sua capital, Damasco. Nos últimos dias, inclusive caminhões da ONU com ajuda humanitária não puderam chegar à região.
O que não impediu que as redes sociais e os organismos internacionais divulgassem imagens e informações estarrecedoras. A "limpeza" passa por acabar com adversários e população civil. Mais ainda, uma perseguições desenfreada aos cristãos que vivem naquela região e que são os primeiros a serem executados.
O uso de armas químicas foi chamada pela ONU de "punição coletiva de civis". Todos pagam por uma guerra que não iniciaram e da qual não queriam participar. Interesses que desconhecem e que, num futuro, quando tudo acabar, não lhes deixará nenhum gosto de vitória, ao contrário, apenas a marca da dor e da perda.
A guerra civil matou mais de 470 mil pessoas. Cerca de cinco milhões deixaram o país. O papa Francisco alertou: "Tudo isso é desumano. Não se pode combater o mal com outro mal, e a guerra é um mal. Por isso, dirijo minha dolorosa chamada para que termine imediatamente a violência e se permita o acesso de ajudas humanitárias". O triste é que mesmo a voz do papa é daquelas que "clamam no deserto".
As crianças sírias em frontes de guerra não têm mais seus parquinhos para brincar. Voltam para casa por ruas esburacadas pelos foguetes que destruíram as quitandas onde buscavam alimentos e lugares onde residiam com seus pais. Depois dos bombardeios, restam rostos sujos pela poeira e fuligem, olhinhos entristecidos pela dor que testemunharam.
Por becos e vielas onde sobreviveram também deixaram avós, tios, pais, irmãos sacrificados no altar da ambição. Ou ainda sofrem as consequências da detonação de bombas que ficaram plantadas no solo e, quase sempre, vitimam civis, como é o caso, agora, das denúncias feitas pelos Médicos Sem Fronteira, em Raqqa.
Esvai-se a cada dia a inocência. Este conflito tem um efeito colateral com o qual os senhores da guerra não se importam: a perda da esperança. Os armistícios de paz não lhes devolverão os anos em que passaram fugindo das balas ou se escondendo dos soldados. Restará a marca da violência, com um sentimento de impotência, se o Mundo também não for capaz de ser solidário.
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