Os membros das igrejas cristãs - e também seus admiradores - são convidados, neste mês de dezembro, a refletirem a respeito do Advento - tempo de vinda, de chegada - daquele que inaugurou a era cristã: o próprio Jesus Cristo! Uma história belamente escrita que ficou aguada por conta de más, errôneas e interesseiras interpretações. Em muitos casos, esqueceu-se que "Deus fez o homem à sua imagem e semelhança" para que o homem fizesse Deus à sua imagem e semelhança.
O Homem que foi engessado por rituais que Ele não criou, nem pediu para que se criasse, teve sua história recontada sem a preocupação de um olhar sobre a História onde, mais do que Ele disse, o exemplo está naquilo que fez - um pouco parecido com aquilo que o papa Francisco está acenando para a igreja e a sociedade - deu sentido a gestos revolucionários: valorizar a mulher, dar um lugar para a criança e aceitar os desvalidos, em especial os leprosos.
Num tempo em que a mulher era um ser segregado, podendo apenas falar com seu marido ou familiares, Deus abre mão de todos os sábios daquele tempo - e eram muitos os doutores da lei e sacerdotes iniciados - para entregar o processo de formação de seu filho nas mãos de Maria, a menina que enfrentou uma barra para poder gerar uma criança ansiosamente esperada, renegada, mas que mudaria os rumos da História.
Especialmente no Evangelho de São Lucas - que poderia ser chamado de "Evangelho da Mãe", já que o médico não conheceu Jesus pessoalmente, mas bebeu do conhecimento de Maria - há detalhes de momentos de angústia - o próprio nascimento, a fuga para o Egito, encontrado em meio aos mestres - mas também de cumplicidade - as bodas de Canaã, acompanhando o filho em suas pregações e a dura caminhada da via sacra onde, embora soubesse da necessidade de que Jesus cumprisse seu destino, é impossível não pensar no dito popular que diz: "os filhos enterram seus pais. É contra a natureza que os pais enterrem seus filhos".
Esta história maravilhosa inicia neste mês, quando se celebra a segunda maior festa do Cristianismo (a Páscoa - com a ressurreição é a maior). Vemos um Deus quebrando preconceitos: coloca nas mãos de uma mulher o projeto de salvação da humanidade, mas também ter seu filho na forma de uma criança. O destino entrelaçado entre a mulher - Maria - e o menino - Jesus - vai levá-la ao pé da cruz onde - conforme Augusto Cury - "foi a primeira vez que entre gemidos e sofrimentos poucas palavras disseram muito. Foi a primeira vez que uma belíssima e insondável história de amor foi finalizada com as gotas de sangue de um filho e as gotas de lágrima de uma mãe..."
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