A expressão já se tornou chavão, mas é verdadeira: “o tempo da Páscoa é especial para a reflexão”. Penso nisto num momento em que a Igreja Católica se vê envolvida em tantos problemas, ao mesmo tempo em que outras Igrejas avançam ocupando espaços que, tradicionalmente eram seus. Onde errou? O que deixou de fazer? O que poderia ter feito diferente? Nas minhas muitas andanças, tenho percebido que as grandes lideranças católicas já não são aquelas que têm o melhor discurso, mas aquelas que dão o melhor exemplo. Não que elas estejam preocupados com isto, mas buscam viver a sua religiosidade na simplicidade de viver bem a própria vida: nossas maiores dificuldades sociais iniciam porque deixamos de viver bem em família e na nossa vizinhança.
Creio que a Igreja precisa voltar a olhar com carinho para estes espaços particulares e especiais. Talvez não tenhamos um remédio para todos os problemas das famílias, mas talvez tenhamos um bálsamo que auxilie a diminuir a dor, através do atendimento personalizado de cada um. Talvez não consigamos mudar as estruturas sociais, mas podemos melhorar os relacionamentos dos grupos e incentivá-los a viver melhor.
A Igreja Católica, infelizmente, há muito tempo deixou as catacumbas onde havia o autêntico espírito de comunidade, que era o espírito da solidariedade e da sobrevivência. Hoje, com o passar da História, agregamos estruturas que tornaram “o custo Igreja” muito alto. Não podemos mais investir apenas naquilo que seria do anúncio e do testemunho do Evangelho, mas dispersamos nossos esforços em outras coisas que deveriam ser da sociedade, com o espírito do Evangelho: educação, comunicação, saúde, serviço social etc.
O tempo de Páscoa e o tempo de ressurreição deve fazer nossos olhos se voltarem para os únicos olhos que dão sentido à nossa fé: os de Jesus Cristo, que na serenidade de quem sabe que nos espera desde a Eternidade, brinca com as nossas preocupações rotineira que nos tiram da busca do essencial: viver plenamente a Sua mensagem. É o momento de voltarmos a viver as coisas simples que o próprio Jesus viveu ao caminhar com seus discípulos e ali formar homens que saíram da brutalidade para a contemplação do que de mais puro já existiu. Se formos capazes, esta será a esperança plantada de que esta Páscoa é uma nova Páscoa, já não a da ressurreição de Jesus, mas a nossa própria, num novo convívio, com novas esperanças, menos preocupações e mais tempo para “gastar” com os outros. Então, valerá a pena repetir: “Feliz Ressurreição!!!”
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