domingo, 10 de agosto de 2025

Flores na janela

Simplesmente assim:

Andar pela rua, bem junto às casas, 

Era desvendar intimidades.

Compartilhar o mistério de quem mora 

E os segredos por trás de uma porta. 

O detalhe que alcança significado único:

A cor diferenciada que transborda sentimentos, 

A cortina protegendo a privacidade das janelas.

Um canteiro de arbustos e flores,

O traçado da calçada, que resguarda a grama,

E mantém à distância o passante.

A delicadeza da hera serpenteando as paredes.


Foi-se o tempo em que moças e senhoras

Debruçavam-se no parapeito de madeira envelhecido, 

Emolduradas pelas cores e delicadeza da efemeridade 

Do que existe apenas para alegrar os olhos.

As ruas de agora se fazem uniformes com edifícios espigados.

Resguardam-se nas memórias a preciosidade de um tempo

Em que se espiava pela fresta de uma folha.

À espera de quem trocasse o carinho de um olhar 

Pela cumplicidade de um flerte.

Em que o andante contemplava as flores na janela.

Ficava suspenso no tempo,

O olhar encantado no doce sabor das lembranças…


(Imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 9 de agosto de 2025

Código Da Vinci, de Dan Brown.

Leituras e lembranças:

Você pode ser a favor ou contra a obra de Dan Brown, mas se a ler, não conseguirá ficar indiferente. O livro "O Código Da Vinci" começa com o assassinato de Jacques Saunière, o curador do Museu do Louvre, em Paris. O professor de simbologia de Harvard, Robert Langdon, que está em Paris para uma palestra, é chamado pela polícia francesa para ajudar a decifrar as pistas encontradas. Com a ajuda da criptógrafa da polícia, Sophie Neveu, que descobre ser neta de Saunière, e percebe que as pistas são mensagens diretas para ela.

Saunière era Grão-Mestre de uma sociedade secreta milenar, o Priorado de Sião que, ao longo dos séculos, protegeu um segredo monumental: o verdadeiro paradeiro do Santo Graal. A narrativa de Dan Brown subverte a lenda tradicional, revelando que o Graal não é um cálice, mas sim Maria Madalena, que teria sido esposa de Jesus e mãe de seus filhos, e o Santo Graal seria a linhagem de sangue real que ela carregava (o Sangreal).

Langdon e Sophie são perseguidos não apenas pela polícia, mas também por Silas, um monge albino e fanático da Opus Dei, uma prelazia da Igreja Católica. Silas é manipulado por uma figura misteriosa, conhecido como "O Mestre", que deseja encontrar o Graal para destruí-lo e manter o segredo da Igreja. A jornada os leva a desvendar enigmas ocultos em obras de Leonardo da Vinci, em catedrais góticas e até mesmo em Westminster Abbey. 

"O Código Da Vinci" redefiniu o gênero do suspense e da conspiração, misturando fatos históricos, arte e mitologia de maneira acessível e envolvente. O livro se lê como uma caçada ao tesouro, com um ritmo acelerado e capítulos curtos. A ideia central da linhagem de Jesus e Maria Madalena é intrigante e provocou debates acalorados sobre religião e história. A forma como o autor interliga obras famosas de Da Vinci, a história dos Templários e as lendas do Graal é um diferencial.

O livro gerou críticas significativas. A principal delas é a imprecisão histórica. Muitos dos "fatos" apresentados sobre a Opus Dei, o Priorado de Sião e a história de Maria Madalena são largamente considerados teorias de conspiração, sem base documental. Outra crítica comum é a caracterização dos personagens. Langdon e Sophie são vistos como veículos para a exposição das informações, em vez de indivíduos com profundidade psicológica. 

O sucesso de "O Código Da Vinci" é inegável. É, antes de tudo, thriller de entretenimento puro, que cumpre o seu papel de prender o leitor do início ao fim. Um dos seus legados foi como popularizou a história, a arte e a simbologia, fazendo com que milhares de pessoas se interessassem por esses temas. É uma leitura cativante que, se apreciada como ficção, oferece uma experiência de mistério e aventura muito bem construída.

(Pesquisa e imagem com apoio da IA Gemini)

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

O difícil voo da solidão

Artigo da semana:

Jantávamos num domingo, à noite,  conversando sobre assuntos de igreja, quando veio à baila a temática que abordei no texto passado: pastoral e compaixão. Com a vontade de seguir esta pauta, tratando o que chamo de “pastoral da solidão”. O que seria? Atendimento a quem se isola (ou foi isolado) pela idade, doença ou carência afetiva. Pessoas que, por um período, sentem-se fragilizadas (depressão, ansiedade…), mas nem sempre querem - ou podem - demonstrar.

É preciso distinguir entre quem optou por restringir seus grupos, sociais ou familiares, de quem desenvolve um problema psicológico, tanto na dificuldade de manter relacionamentos, quanto nas situações em que evita o convívio social. Para quem fracassa em ser acolhedor, a dor começa na dificuldade de estender os braços (o abraço). Para quem evita a intimidade, é uma opção equivocada, diga-se de passagem, que, algum dia, vai cobrar um alto preço emocional. 

Ouvi experiências recentes, como a da Lyl que convidou ex-colega de curso para tomar um café da tarde e poderem conversar. Descobrindo os problemas de família que foram sendo expostos na descontração de quem até pode falar, mas sabe, também, ouvir. Padre Flávio contava dos dias que reserva para visitas. Buscando a intimidade das famílias, onde o diálogo se dá com mais facilidade, abrindo portas para conhecer melhor aqueles (aquelas) com os quais trabalha.

Independente das opções feitas por viver só ou que se tenha mergulhado na solidão, todos precisamos de alguém, em algum momento, para continuar o voo da vida. Na maior parte das vezes, não há uma explicação racional para a escolha, mas uma proximidade com quem ensina ser mais difícil voar sozinho e que o voo alheio é sempre inspiração que nos alça aos céus. O roteiro de voo não é o mesmo, mas favorece as condições de se “abastecer” do combustível mais puro que existe: uma boa e velha amizade.

Num dos textos mais lindos que já li, dois meninos se encontram. Um é cadeirante e o outro um piá folgado e disposto a qualquer travessura. O que parecia impossível, aconteceu: ficaram unha e carne! Invenções de fundo de quintal, com um carrinho que seria um avião pronto para qualquer voo. A pergunta feita pelo deficiente ao outro: “por que fazes tudo isto por mim?” Sem precisar pensar muito: “sei lá, quem sabe porque ninguém voa sozinho…” A solidão é o voo que se tenta fazer isolado, quando se redescobre que se precisa de alguém para não errar o destino… (Imagem gerada pela IA Gemini)

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Poemando

No poço habita o mistério, 

O abismo que não tem fundo.

Onde se perde o olhar,

Em que imagino um Mundo…

(Imagem gerada pela IA Gemini)



domingo, 3 de agosto de 2025

Vou sempre lembrar de ti

Simplesmente assim:

 


O Tempo passando tolda as memórias,

Sem permitir que se apaguem as lembranças,

Em especial dos rostos que se amou. 

Na penumbra das recordações, ficam gravadas,

Assim como as vozes que insistem em

Continuar ecoando nos silêncios da saudade.

Mesmo depois da partida, na jornada do fim,

Acompanham o mistério das presenças

Que já não são físicas, são resquícios de Eternidade...

 

Iluminam um sorriso que parece enviesado,

Desprovido de qualquer sentido,

A não ser que se encontre razão

naquilo que tem contornos de reminiscências.

Lembranças são sempre o arrimo de sentimentos,

Que deixam rastros com marcas que sulcam o corpo.

Apesar dos sinais que gravaram a minha identidade,

Meu coração nunca esteve de partida,

Apenas tenho as cicatrizes da minha própria história.

A certeza de que vou sempre lembrar de ti…


(Imagem gerada pela IA Gemini)


sábado, 2 de agosto de 2025

Harry Potter, de J.K. Rowling

Leituras e lembranças:

Durante todo o tempo em que lecionei redação no curso de Jornalismo, pedi aos alunos que lessem ao menos um livro por mês, que fosse de ficção.  Podia ser até mesmo na linha de ficção juvenil, como eram, então, O Senhor dos Anéis, Percy Jackson ou mesmo Harry Potter. Pela necessidade que tinham em adquirir vocabulário e criatividade mental. Eu li (e assisti) toda a obra do pequeno bruxo (Harry Potter), escrita por J.K. Rowling.

A série narra a vida de Harry Potter, um órfão que descobre ser um bruxo no seu décimo primeiro aniversário. Ele é convidado a estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde faz amigos para a vida toda, Rony Weasley e Hermione Granger, e aprende sobre o mundo bruxo. A trama central da saga gira em torno da luta de Harry contra o bruxo das trevas mais temido de todos os tempos, Lord Voldemort, que assassinou seus pais quando ele era um bebê e tentou matá-lo também, mas de alguma forma falhou, deixando apenas uma cicatriz em forma de raio na testa de Harry.

​Ao longo dos sete livros, acompanhamos o crescimento de Harry e seus amigos, suas aventuras em Hogwarts, os desafios que enfrentam, as aulas de magia que frequentam e, principalmente, a intensificação do confronto com Voldemort e seus seguidores, os Comensais da Morte. Cada livro explora uma fase diferente da vida escolar de Harry e aprofunda o mistério em torno de Voldemort, sua ascensão ao poder e a conexão entre ele e Harry. A saga culmina em uma guerra épica entre as forças do bem e do mal, onde Harry deve enfrentar Voldemort em um confronto final para restaurar a paz no mundo bruxo.

A saga Harry Potter vai muito além de uma simples história de magia para crianças. Ela aborda temas complexos e universais que ressoam em leitores de todas as idades: como o ​Amor e Amizade. A amizade entre Harry, Rony e Hermione é o alicerce da história, mostrando como o apoio mútuo é essencial. Também o Bem contra o Mal: A luta constante entre a luz e a escuridão é o motor da trama. A ​Morte e Perda: A morte é um tema recorrente na saga, desde a perda dos pais de Harry até as inúmeras baixas durante a guerra bruxa. Os livros exploram o luto, a aceitação da mortalidade e a ideia de que o amor daqueles que se foram nunca realmente nos deixa.

​Preconceito e Discriminação: A ideia de "sangue puro" contra "nascidos trouxas" é uma metáfora clara para o preconceito e a discriminação presentes em nossa sociedade. Escolhas: A saga enfatiza que as escolhas que fazemos definem quem somos, mais do que nossas habilidades ou heranças. Por fim, Coragem e Sacrifício: Harry e muitos outros personagens demonstram imensa coragem ao enfrentar seus medos e fazer sacrifícios pessoais para proteger o que é certo. A disposição de se sacrificar pelo bem maior é um valor fundamental na série. 

A saga Harry Potter é uma obra-prima que transcende o gênero da fantasia, oferecendo lições valiosas sobre a natureza humana, o poder do amor e da amizade, e a eterna batalha entre o bem e o mal. Sua relevância e popularidade continuam firmes, solidificando seu lugar como um clássico moderno da literatura. (Pesquisa e imagem com a I.A. Gemini - Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com.)

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

“Pastoral” e “compaixão”, apenas utopia?

Artigo da semana:

Confesso que o tempo levou a que aproveitasse melhor o sabor das palavras. Não me envergonho em dizer que amadureci vendo certos termos revestirem-se de novos e mais profundos significados. Lembro de uma aula do primeiro ano de Teologia, com o padre Luiz Boari, quando me dei conta de estar enganado sobre a definição de  “pastoral”. Tão mal usada no jargão da Igreja Católica, que acabou virando sinônimo de burocracia, reuniões infindáveis, e não de quem se dispõe a cuidar do outro, “pastorear”, a tarefa do pastor.

Cheguei a usar a palavra “prostituir” para certos termos que perdem seu sentido inicial e que somente a vivência ajuda a depurar o seu “gosto”. Recentemente, li a obra escrita a quatro mãos pelo frei Betto e Heródoto Barbeiro “O Budista e o Cristão”. Lá pelas tantas, falam a respeito da palavra “compaixão”. Depuram o seu significado que, para mim, era exatamente o equivocado: ter pena de alguém. No Budismo, como no Cristianismo, seu significado é carregado de humanidade, pois significa “sofrer com alguém”. 

Intuía isso ao recomendar aos alunos de Teologia que, se quisessem um “exercício de solidariedade”, não apenas visitassem pessoas idosas ou doentes. Estes momentos, muitas vezes, são apenas descarregos de consciência. Sugeri, como tive que aprender cuidando dos meus pais, que gastassem tempo convivendo com pessoas em situação de dependência, durante um período, em tempo integral… Duvidava que qualquer outra experiência ou conhecimento teórico lhes desse a noção do quanto dói a fragilidade humana…

Admiro pessoas mais idosas que, vendo os mais jovens esforçarem-se por academizar sentimentos, preferem esperar amadurecerem para se calarem diante das palavras. No afã das discussões muitas vezes estéreis (e histéricas), perde-se tempo em enquadrá-las ao sabor dos conhecimentos ideologizados, por religião ou discurso político partidário. Ter a grandeza de sorrir diante da pressa que alguns têm de dizer apenas por dizer, corresponde à paciência de esperar por um dia, em que entendam o que reveste as palavras: não apenas a sonância do que faz o discurso vazio, mas os silêncios que lhe dão significado. 

“Compaixão” é palavra que se garimpa ao longo da vida, não apenas pelo seu sentido nos discursos. Rima com “pastoral”. Homens e mulheres de boa vontade introduzem este duplo significado: “cuidar do outro” e “sofrer com alguém”. Independente da identidade política ou religiosa, muitos são os cidadãos do universo que buscam os menos favorecidos. É trabalho que não ganha mídia, mas ensina o quanto responsabilidade social ainda é utopia, que não pode ser apagada nas vivências e convivências… (Imagem gerada pela IA Gemini. Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)