Num tempo em que falar de “amor” é motivo de zombaria, o papa Francisco, nos seus 88 anos, compartilha texto que embasa a reflexão sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 1º de junho deste ano. O tema é um mantra batido pelo pontífice: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações”. Incita aos comunicadores de todas as plataformas: “Precisamos do vosso compromisso corajoso em colocar no centro da comunicação a responsabilidade pessoal e coletiva para com o próximo.”
Parece que nem todas as dificuldades e obstáculos conseguem calar uma voz crucificada pela indiferença e, mesmo assim, com forças para estender a mão e afirmar que “gostaria de vos convidar a ser comunicadores de esperança”. Ouvidos surdos ou, ao contrário, bêbados pela dicotomia de uma polarização absurda que levou a Igreja Católica a ser, hoje, uma instituição que, tristemente, já não tem representação e repercussão social. Poucos são aqueles (e aquelas), como Francisco, que ainda lutam contra a correnteza da desesperança.É assertivo quando afirma: “Hoje em dia, com demasiada frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio.” Tristemente, reconhece que “muitas vezes, simplifica a realidade para suscitar reações instintivas; usa a palavra como uma espada; recorre mesmo a informações falsas ou habilmente distorcidas para enviar mensagens destinadas a exaltar os ânimos, a provocar e a ferir.” Insiste: “Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans.”
Para o homem que esbanja esperança, deve ser difícil de reconhecer que, “na verdade, ter esperança não é de todo fácil”. Cita Georges Bernanos quando dizia que “só têm esperança aqueles que ousaram desesperar das ilusões e mentiras nas quais encontravam segurança e que falsamente confundiam com esperança. [...] A esperança é um risco que é preciso correr. É o risco dos riscos”. O Santo Padre apela: “Perante as vertiginosas conquistas da técnica, convido-vos a cuidar do coração, ou seja, da vossa vida interior.”
“O que isto significa?... Sede mansos e nunca esqueçais o rosto do outro… Semeai esperança, mesmo quando é difícil, quando custa, quando parece não dar frutos… Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da humanidade… Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro.” Que assim seja. Quando nós, mais novos, pensamos que a esperança está morrendo, é uma sacudida de ânimo pensar que Francisco ainda não desanimou e dá testemunho de que a máxima do “amai-vos uns aos outros!” continua atual e necessária…
Nenhum comentário:
Postar um comentário