Era tarde quando o casal começou a subir em direção a Belém. O dia tinha sido difícil. Já não eram mais tão novos para lidar com os animais em busca de pasto e abrigo. Aquela era uma noite sem lua. Mas, no frio do início do Inverno, havia uma luminosidade que permitia ver a estrada.
Foi quando se aproximaram dos arredores da vila que ouviram o choro da criança, no lugar para onde costumavam levar os animais a serem alimentados e quando a temperatura era inclemente. Em meio às palhas que espalhavam pelo chão, também havia cochos para depositar a ração que completava a alimentação.
Uma luz difusa vinha do interior, parecida com uma vela. À porta, a surpresa: a mulher dera à luz e o marido tentava ajudar. Sua esposa tomou conta da situação, afastou os homens e fez o que toda a boa judia era capaz: vendo o casal atrapalhado com o cordão umbilical e em proteger o menino, designou as tarefas de cada um.
Pouco tempo depois, a mãe repousava sobre um colchão de palhas, no chão, encostada a uma parede. Uma manta fora colocada em um dos cocho, próximo, e serviu de berço para receber o recém nascido. Só então puderam conversar. Estavam conhecendo José e Maria. O menino se chamaria Jesus.
Tarde da noite, deixaram os mais novos pais descansar. No caminho para casa, o marido olhou para a mulher, pensando que esta fora uma noite sublime. Na esposa, um sorriso meigo que não via há muito tempo. O sentimento de que presenciaram uma cena onde, se Javé não estava presente, ao menos enviara seus Anjos!
Ainda não se comemorava o Natal. Mas ele estava nascendo. A luminosidade de um firmamento estrelado dava sinais de que, a partir de agora, a História seria diferente. Amanhã, ambos haveriam de pegar seus bastões e voltar ao trato dos animais. Mas, no caminho, havia uma certeza: encontrariam Maria, José e o Menino!
Não sabiam por quanto tempo a família ficaria em Belém - esqueceram de perguntar - mas não era razão de se preocupar. A noite em que Jesus nasceu permaneceria em seus corações. Estavam envelhecendo, mas tinham certeza de que enquanto a vida corresse por suas veias lembrariam da jovem, do homem mais velho e da criança.
Uma criança que em nada se mostrava diferente dos filhos de Israel, mas que, em meio aos "sem história", reescrevia a relação do homem com Deus. Exatamente naquilo que faz o Cristianismo ser absolutamente singular: Deus se fez homem, para que o homem tivesse a oportunidade de chegar mais perto de Deus!
Um feliz e abençoado Natal!
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