Os mais antigos tinham clara a definição do que era um “homem bom”: temente a Deus (uma religiosidade bem definida), bom marido, bom pai de família e com posição bem definida na vizinhança, o que significava ser alguém que valia a pena ouvir ou consultar quando necessário.
É no que penso quando vejo tantas dificuldades para entender como os homens públicos pregam um tipo de comportamento e agem de forma diferente. Não vale a pena personalizar, mas olhem para a política e vejam o que dizem e o que fazem, ou, em nível internacional, o que, por exemplo, se noticia a respeito deste último derramamento de petróleo no mar: a preocupação é com os milhões de dólares que a empresa perdeu e sobra pouco espaço para ver a ferida que se abriu no meio ambiente.
Esta conduta é a mesma que, vista por nossas crianças e jovens, vai pautar o seu jeito de se comportar, não apenas no futuro, mas já no presente: se minha mãe pode xingar alguém no trânsito, porque não posso fazer o mesmo com meu colega na Escola? Se meu pai pode ameaçar agredir alguém na rua por uma ninharia, porque não posso descontar a minha raiva no irmãozinho ou irmãzinha em casa?
Este procedimento que parece banal está causando mais danos do que imaginamos. Regras de comportamento somente são assimiladas se antes vierem acompanhadas de exemplos. Não é à toa que se diz que “conselhos são bem vistos, mas exemplos arrastam”. Não é necessário que nos transformemos em modelos absolutos de integridade – porque os santos, hoje, são raros – mas que façamos do nosso agir um jeito de dizer que somos homens do bem.
Em família, na escola, na religião, no trabalho ou na diversão, a preocupação deve ser apenas uma: não faço ao outro o que não quero que me façam, respeitada a máxima de que a minha liberdade acaba quando inicia o nariz do outro. É o melhor jeito de pacificarmos as relações e descobrir que ainda podemos ser, ao jeito antigo, um “homem bom”.
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