Quando estamos nos preparando para entrar no ar, pelo “UCPel Notícias”, é comum que um dos técnicos das câmeras – Tiago, Roberto ou Marcelo – peça: “fulano, postura”. É a forma de chamar a atenção para um possível erro de enquadramento, arranjo das roupas ou ainda a tradicional curvatura da coluna, ficando “dobrado” para frente.
Foi do que lembrei ao pensar numa mensagem para sensibilizar os leitores que estão fazendo a virada de 2008 para 2009: postura! É um elemento fundamental para nos lançamos a um novo desafio, que é um ano novo. Postura é tomar uma atitude diante da vida, das nossas relações familiares, afetivas, ou mesmo de trabalho. Que, na maior parte das vezes, precisa de uma decisão pessoal em que não é possível haver omissão, pois não decidindo a melhor forma de seguir em frente, desleixa-se da postura e apenas vamos descartando folhinhas do calendário.
Assumir uma atitude não é parecido com aquelas “boas intenções” que demonstramos a cada virada de ano quando entra na roda: um regime, a busca por um emprego, a caminhada diária, reencontrar um amigo, prestar aquela ajuda prometida há muito tempo... É mais, pois, quase sempre parte de um alerta daqueles que nos acompanham: profissionalmente, por um “toque” de quem vê que enveredamos por um caminho errado; em nível familiar, quando o desgaste de uma relação diz que podemos estar judiando de quem não merece; emocionalmente, ao relaxamos o convívio com aqueles que foram tão importantes até pouco tempo atrás; espiritualmente, ao nos deixarmos atrapalhar por pessoas, crendices ou costumes que não geram paz, mas temor, angústia e um espírito frágil e adoentado.
Quem sou eu para sugerir que se retomem hábitos. Mas, neste início de ano, reveja como é belo o 6 de janeiro, dia dos Reis Magos, antigamente comemorado no Estado como data de troca de presentes. Depois do nascimento do menino Jesus, os primeiros a acolherem esta generosidade de Deus foram os pastores, mas, em seguida, vieram aqueles que trouxeram um pouco das riquezas tiradas da mãe Terra: incenso, ouro e mirra!
Então, se o Natal passou batido e, em muitas ocasiões, lhe pareceu que se tornou “obrigação” presentear alguém, agora o faça por decisão própria! Alie-se àqueles que foram a Belém seguindo o próprio coração, certos de que a estrela ao guiá-los era, mais do que um indicativo de luz, um indicativo de paz, de uma postura positiva e espiritualizada diante da vida.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Jogar em família
O Feijó passou por mim na manhã de domingo, em frente à Lagoa dos Patos, na praia do Laranjal. Brincou dizendo que ali estava nascendo uma reflexão. E tinha razão. Enquanto aguardava minha turma, fiquei observando as pessoas que faziam a sua caminhada matinal, ou apenas passeavam aproveitando a temperatura amena e a visão deslumbrante. Pelo horário, relativamente cedo, a maior parte era de pessoas idosas e crianças, o que se pode chamar de “espaço infanto-geriátrico”. Jovens somente aparecem ao meio-dia, tomam conta da tarde e transformam a noite em ponto de encontro.
As conversas descontraídas e amenas que embalavam as andanças lembraram-me de consultas recentes: a um cardiologista e a um geriatra, acompanhando meus pais (não que não precise dos dois – o cardiologista já me atende e o segundo creio que é hora de começar a pensar seriamente). Em ambos os casos, a advertência de que, aos 83 anos, é hora de dar um cuidado especial à memória, com uma série de recomendações, mas uma chamou a atenção: a lúdica, isto é, fazer exercícios mediante brincadeiras.
Quando me atrevi a esboçar um sorriso, o geriatra advertiu que o mesmo valia para mim, passando dos 50, precisando exercitar os neurônios em atividades como a leitura, o exercício de palavras cruzadas e jogos, de preferência trabalhando a lógica, o raciocínio e a lembrança. Isto inclui desde as cartas, dominó, quebra-cabeça, montagem e uma variedade encantadora de alternativas. Mas salientava: a serem realizadas ao menos em dupla ou em grupos, pois são mais instigadores do que aqueles que se joga contra um computador, por exemplo.
Aqui em casa, a mãe e a Leonice (minha irmã) aderiram de pronto. Eu e o pai ainda achamos que o “tico e o teço” funcionam muito bem e não entramos nas muitas mesadas que já se realizam entre carteados - envolvendo netos e bisnetos - e eletrizantes partidas de dominó! A recomendação lembrou-me de épocas em que se incentivava a família, depois da janta, a gastar um tempo jogando cartas, que servia de aproximação entre as pessoas e enriquecia a capacidade de aprendizado, sem que disto tivéssemos noção.
Chega, agora, um tempo de férias, em que as tardes, em casa, assim como as noites, acabam sendo longas e pedem alguma forma de entretenimento. Jogar em família pode ser uma boa forma de refazer laços e exercitar a memória. Uma terapia ocupacional e uma boa desculpa para ficar junto de quem se gosta.
As conversas descontraídas e amenas que embalavam as andanças lembraram-me de consultas recentes: a um cardiologista e a um geriatra, acompanhando meus pais (não que não precise dos dois – o cardiologista já me atende e o segundo creio que é hora de começar a pensar seriamente). Em ambos os casos, a advertência de que, aos 83 anos, é hora de dar um cuidado especial à memória, com uma série de recomendações, mas uma chamou a atenção: a lúdica, isto é, fazer exercícios mediante brincadeiras.
Quando me atrevi a esboçar um sorriso, o geriatra advertiu que o mesmo valia para mim, passando dos 50, precisando exercitar os neurônios em atividades como a leitura, o exercício de palavras cruzadas e jogos, de preferência trabalhando a lógica, o raciocínio e a lembrança. Isto inclui desde as cartas, dominó, quebra-cabeça, montagem e uma variedade encantadora de alternativas. Mas salientava: a serem realizadas ao menos em dupla ou em grupos, pois são mais instigadores do que aqueles que se joga contra um computador, por exemplo.
Aqui em casa, a mãe e a Leonice (minha irmã) aderiram de pronto. Eu e o pai ainda achamos que o “tico e o teço” funcionam muito bem e não entramos nas muitas mesadas que já se realizam entre carteados - envolvendo netos e bisnetos - e eletrizantes partidas de dominó! A recomendação lembrou-me de épocas em que se incentivava a família, depois da janta, a gastar um tempo jogando cartas, que servia de aproximação entre as pessoas e enriquecia a capacidade de aprendizado, sem que disto tivéssemos noção.
Chega, agora, um tempo de férias, em que as tardes, em casa, assim como as noites, acabam sendo longas e pedem alguma forma de entretenimento. Jogar em família pode ser uma boa forma de refazer laços e exercitar a memória. Uma terapia ocupacional e uma boa desculpa para ficar junto de quem se gosta.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Envelhecer com dignidade
Mãos amigas me levaram a fazer palestras para pessoas na “terceira idade”. Tive que pesquisar, ler, observar, mas foram os testemunhos daqueles que estão na chamada “melhor idade” que me impressionaram. Em primeiro lugar, dá para perceber que as duas expressões que substituíram - “idoso” ou “envelhecimento” - não mudaram a forma das pessoas “tocarem” a sua vida. Mas são amplamente utilizadas por aqueles que articulam o consumo, vendendo produtos fantásticos, tendo custos, muitas vezes, não percebidos: financiamentos com desconto na aposentadoria, planos com menores valores em viagens ou, como contou uma amiga, a realização de um sonho: a cirurgia que corrigiria sua fisionomia, cara e desnecessária.
Já fui acusado de “explorador da terceira idade”. Explico: durante algum tempo, tive uma agência de comunicação. Quando ela foi fechada, fiquei com alguns trabalhos sendo feitos em casa e meu pai transformou-se no meu “mandalete”, como se dizia antigamente - levava e buscava material. Um dia em que ele não pode trazer os originais de um jornal, minha mãe se ofereceu e a levei até o prédio, de onde retornaria de ônibus. Alguns minutos depois, um telefonema e uma acusação bem humorada: “já vimos explorador de crianças; já vimos explorador de mulheres; mas explorador da terceira idade, és o primeiro!”
Creio que o sentido não é “explorar”, mas manter as pessoas com alguma ocupação e o espírito de equipe. Este é o sentido do que tenho dito: em primeiro lugar é preciso se preparar para a aposentadoria e a chegada do envelhecimento (que inicia ao nascermos); depois, manter-se ocupado em algum tipo de atividade, por mais simples que seja; e, por fim, não perder o sentido de pertença a um grupo.
Não há milagres. Ninguém vai ficar melhor porque envelheceu. Estando mais próximos de acertar as contas com o Todo Poderoso, pode-se mudar um pouco. Mas não basta, apenas, pensar que uma religião vai ser suficiente. É bom, mas precisa ser acompanhado de uma mudança interior. Difícil, mas não impossível.
No Natal e Ano Novo, quando muitos questionam o sentido de suas vidas, vejo amigos e amigas sem medo de envelhecer e vivendo plenamente cada segundo: não é suficiente passar pelo tempo, é preciso vivê-lo intensamente, sem remoer o passado ou angustiar-se com o futuro. Não sei se esta é uma receita, mas é a lição que aprendi e serve para somar experiências nesta longa aventura que é.... Viver e ser feliz!
Já fui acusado de “explorador da terceira idade”. Explico: durante algum tempo, tive uma agência de comunicação. Quando ela foi fechada, fiquei com alguns trabalhos sendo feitos em casa e meu pai transformou-se no meu “mandalete”, como se dizia antigamente - levava e buscava material. Um dia em que ele não pode trazer os originais de um jornal, minha mãe se ofereceu e a levei até o prédio, de onde retornaria de ônibus. Alguns minutos depois, um telefonema e uma acusação bem humorada: “já vimos explorador de crianças; já vimos explorador de mulheres; mas explorador da terceira idade, és o primeiro!”
Creio que o sentido não é “explorar”, mas manter as pessoas com alguma ocupação e o espírito de equipe. Este é o sentido do que tenho dito: em primeiro lugar é preciso se preparar para a aposentadoria e a chegada do envelhecimento (que inicia ao nascermos); depois, manter-se ocupado em algum tipo de atividade, por mais simples que seja; e, por fim, não perder o sentido de pertença a um grupo.
Não há milagres. Ninguém vai ficar melhor porque envelheceu. Estando mais próximos de acertar as contas com o Todo Poderoso, pode-se mudar um pouco. Mas não basta, apenas, pensar que uma religião vai ser suficiente. É bom, mas precisa ser acompanhado de uma mudança interior. Difícil, mas não impossível.
No Natal e Ano Novo, quando muitos questionam o sentido de suas vidas, vejo amigos e amigas sem medo de envelhecer e vivendo plenamente cada segundo: não é suficiente passar pelo tempo, é preciso vivê-lo intensamente, sem remoer o passado ou angustiar-se com o futuro. Não sei se esta é uma receita, mas é a lição que aprendi e serve para somar experiências nesta longa aventura que é.... Viver e ser feliz!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Uma pedagogia para o Natal
Formatei uma palestra para lideranças de liturgia da Catedral - e utilizei destes elementos quando falei para o grupo de terceira idade do Serviço Social do Comércio - sobre a necessidade de uma “pedagogia para o Natal”. Um jeito de fazer valer o sempre bem vindo e saudável “espírito de Natal”.
Mas porque uma “pedagogia” nesta época tão bonita do ano? Porque precisamos aprender a ver não somente a festa, propriamente dita, nos dias 24 e 25 de dezembro, mas todos os elementos que a antecipam. Este espírito está presente, com maior intensidade, no Advento, quatro domingos antes daquela data, em que as igrejas cristãs fazem a preparação do nascimento de Jesus.
O período, no entanto, permite sentimentos ambíguos: há pessoas que se sentem entristecidas, até deprimidas, pois lhes falta alguém muito próximo e que hoje está afastado, pela distância física ou pela ausência permanente. Então, as datas propriamente ditas, podem ser de baixo astral e carregadas de saudades e lembranças.
Mas, o tempo de preparação se presta para valorizarmos questões para as quais, ao longo do ano, não conseguimos atentar, como a própria família e atitudes de solidariedade. Não significa que em outras épocas também não as valorizemos, mas o próprio espírito das festas, as motivações pelos meios de comunicação, os filmes que são passados, o reencontro com familiares e amigos dá um tom diferenciado para as festas de virada do ano.
Com relação à família, pode ser um tempo especial para estreitarmos ou até recuperarmos contatos com pais, filhos, irmãos, sobrinhos etc. No campo da solidariedade, as campanhas se sucedem, renovadas, como é o caso do apoio aos desabrigados de Santa Catarina, em que se multiplicaram as doações, em função da época e de muitos questionarem: “como eles vão passar o Natal?”
Um pouco mais simples, temos a bela campanha dos Correios e Telégrafos, recebendo as cartas enviadas para o Papai Noel e pedindo que as pessoas se disponham a “ajudar” o bom velhinho a tornar realidade a solicitação de crianças, normalmente muito pobres, que desejam coisas simples como um panetone, uma cesta básica, uma roupa ou um brinquedo.
Sei que, em muitos casos, as pessoas valorizam mais a presença de um Papai Noel comercial do que a vinda de Jesus. Paciência, o sentimento que desejamos ter permanece o mesmo: estreitarmos laços muitas vezes perdidos nos turbilhões da vida e valorizarmos a solidariedade. Este sim, o autêntico espírito de Natal!
Mas porque uma “pedagogia” nesta época tão bonita do ano? Porque precisamos aprender a ver não somente a festa, propriamente dita, nos dias 24 e 25 de dezembro, mas todos os elementos que a antecipam. Este espírito está presente, com maior intensidade, no Advento, quatro domingos antes daquela data, em que as igrejas cristãs fazem a preparação do nascimento de Jesus.
O período, no entanto, permite sentimentos ambíguos: há pessoas que se sentem entristecidas, até deprimidas, pois lhes falta alguém muito próximo e que hoje está afastado, pela distância física ou pela ausência permanente. Então, as datas propriamente ditas, podem ser de baixo astral e carregadas de saudades e lembranças.
Mas, o tempo de preparação se presta para valorizarmos questões para as quais, ao longo do ano, não conseguimos atentar, como a própria família e atitudes de solidariedade. Não significa que em outras épocas também não as valorizemos, mas o próprio espírito das festas, as motivações pelos meios de comunicação, os filmes que são passados, o reencontro com familiares e amigos dá um tom diferenciado para as festas de virada do ano.
Com relação à família, pode ser um tempo especial para estreitarmos ou até recuperarmos contatos com pais, filhos, irmãos, sobrinhos etc. No campo da solidariedade, as campanhas se sucedem, renovadas, como é o caso do apoio aos desabrigados de Santa Catarina, em que se multiplicaram as doações, em função da época e de muitos questionarem: “como eles vão passar o Natal?”
Um pouco mais simples, temos a bela campanha dos Correios e Telégrafos, recebendo as cartas enviadas para o Papai Noel e pedindo que as pessoas se disponham a “ajudar” o bom velhinho a tornar realidade a solicitação de crianças, normalmente muito pobres, que desejam coisas simples como um panetone, uma cesta básica, uma roupa ou um brinquedo.
Sei que, em muitos casos, as pessoas valorizam mais a presença de um Papai Noel comercial do que a vinda de Jesus. Paciência, o sentimento que desejamos ter permanece o mesmo: estreitarmos laços muitas vezes perdidos nos turbilhões da vida e valorizarmos a solidariedade. Este sim, o autêntico espírito de Natal!
Assinar:
Postagens (Atom)