Se tivesse que escolher uma trilha sonora para esperar e homenagear a nova década que inicia nesta sexta seria a música de Susan Boyle, cantora que apareceu praticamente do nada e emocionou o mundo com a canção I dreamed a dream (Eu tive um sonho) do musical Os Miseráveis, em 11 de abril de 2009. O sucesso foi instantâneo pela Internet, com um vídeo alcançando a marca de mais de um milhão de acessos.
A que era considerada o “patinho feio”, quando soltou a voz incorporou uma legião de Anjos, liberando nossas emoções e fazendo aflorar o que de melhor temos em nós. Uma mulher que, até então, somente cuidara da casa, rapidamente foi guindada ao estrelato, com seus benefícios e também com as cobranças que a mídia sempre faz. Rapidamente passou a se ouvir que ela era fruto de uma armação de marqueteiros que conheciam o valor de sua voz e que por isto a apresentaram em situação que beirava o ridículo, uma figura merecedora da chacota e do deboche de jurados e platéia, que acabaram aplaudindo de pé, emocionadamente.
Recentemente, ao lançar seu primeiro disco, os “críticos” (já ouvi dizer que um crítico musical é um músico frustrado) tiveram que reconhecer que a voz é bem mais do que especial, mas que a estrutura melódica de todas as gravações era praticamente a mesma, enfatizando a voz, o coro e a orquestra. Ora, tenham paciência: se o melhor do que ela pode apresentar é exatamente isto, então porque não explorá-los? Infelizmente, não vai ser por uma bela performance de dançarina ou de expressão facial que Susan poderá dar seu show.
Nos bons tempos das décadas de 60, 70 ou 80, quando (lembra Geraldo Fagundes?) fazíamos “cortina musical”, as gravações de Susan, em seguida, virariam fundos, marcas para programas ou vinhetas carregadas de vibração, vida e emoção. Todos impregnados daquilo que mais gostaríamos para 2010: a realização de nossos sonhos. Pois que seja: na expectativa de novos tempos, a minha trilha sonora é uma música - I dreamed a dream – capaz de fazer pulsar mais rápido o coração, na certeza de que, para além de todas as decepções, os sonhos motivam novas esperanças. Feliz Ano Novo!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Um sinal de esperança
Quando a espaçonave Apolo 11 pousou na Lua, em seu retorno, o presidente americano Richard Nixon disse que aquele era o maior feito da Humanidade, pois o homem punha o pé, pela primeira vez, em seu satélite. E que ninguém poderia contestar aquele feito sob sua administração. Um pastor, presente, interferiu para dizer que de fato aquela era uma ocorrência importante, mas que a maior marca deixada na raça humana acontecera há cerca de dois mil anos atrás, quando o próprio Deus pôs o seu pé na Terra!
Claro que é muito difícil a gente ver todas as coisas sob a melhor perspectiva. Há um ditado que diz: “não apresentes um problema ao teu Deus, mas apresenta o teu Deus ao teu problema”. Alguém pode dizer que é somente um jogo de palavras. Não é. Lembro do padre angolano Quintino que dizia que ter Deus no coração era mais importante do que ter dinheiro, poder, a realização de todos os anseios e instintos. Passava pela realização pessoal e a capacidade de descartar as pedras que podem estar no caminho em função do caminho que se abre em perspectiva.
É um pouco do que deveria ser este tempo de Natal. O excesso de festas, gastos, consumo, alimentos, pode deixar a sensação de frustração, quando nos damos conta de que, passadas, pouco ou nada restou. Já falei a respeito de crianças que esperam presentes através de promoções – como a do Correio – mas que também são realizadas por inúmeras entidades religiosas e civis. De todos os comentários, um ficou martelando: “fazemos isto porque conhecemos a graça e a generosidade de Deus. E queremos fazer com que outras pessoas possam senti-la através de nós”.
Não é muita pretensão, não. É uma verdade. Ouvem-se tantas notícias em função do mal que acontece em nossas vidas – morte no trânsito, uso de drogas, maltratos a crianças e idosos – porque não podemos ser um sinal da esperança de Deus para aqueles que a vida marcou com o sinal da desesperança? Não sei a fórmula, talvez ela até nem exista, mas que é um baita desafio, isto é: no majestoso silêncio que nos aponta para a beleza de um Deus menino encarnando, Ele pede que nossas mãos sejam utilizadas para plantar um sinal de esperança. Feliz Natal!
Claro que é muito difícil a gente ver todas as coisas sob a melhor perspectiva. Há um ditado que diz: “não apresentes um problema ao teu Deus, mas apresenta o teu Deus ao teu problema”. Alguém pode dizer que é somente um jogo de palavras. Não é. Lembro do padre angolano Quintino que dizia que ter Deus no coração era mais importante do que ter dinheiro, poder, a realização de todos os anseios e instintos. Passava pela realização pessoal e a capacidade de descartar as pedras que podem estar no caminho em função do caminho que se abre em perspectiva.
É um pouco do que deveria ser este tempo de Natal. O excesso de festas, gastos, consumo, alimentos, pode deixar a sensação de frustração, quando nos damos conta de que, passadas, pouco ou nada restou. Já falei a respeito de crianças que esperam presentes através de promoções – como a do Correio – mas que também são realizadas por inúmeras entidades religiosas e civis. De todos os comentários, um ficou martelando: “fazemos isto porque conhecemos a graça e a generosidade de Deus. E queremos fazer com que outras pessoas possam senti-la através de nós”.
Não é muita pretensão, não. É uma verdade. Ouvem-se tantas notícias em função do mal que acontece em nossas vidas – morte no trânsito, uso de drogas, maltratos a crianças e idosos – porque não podemos ser um sinal da esperança de Deus para aqueles que a vida marcou com o sinal da desesperança? Não sei a fórmula, talvez ela até nem exista, mas que é um baita desafio, isto é: no majestoso silêncio que nos aponta para a beleza de um Deus menino encarnando, Ele pede que nossas mãos sejam utilizadas para plantar um sinal de esperança. Feliz Natal!
domingo, 13 de dezembro de 2009
Um “desestressado” Natal
Não sei se acontece com as demais pessoas, mas para mim a época de final de ano, com o Natal e Ano Novo, é um tempo de stress: corremos atrás de tantas coisas – comida, presentes, ornamentações – que esquecemos coisas tão ou mais importantes, como buscar notícia de pessoas – amigas ou apenas conhecidas, reforçar a carga de carinho para com os mais próximos e contar não até dez, mas até mil, quando pensamos em explodir pelos pequenos erros cometidos na rotina da vida.
Creio que uma boa forma de fazer isto é atendendo ao pedido dos Correios: buscar a carta de uma criança encaminhada ao Papai Noel e que, sem ajuda da população, não poderá ser atendida. Um jornal estadual publicou dez das muitas cartas enviadas e, confesso, fiquei emocionado com a simplicidade dos pedidos: desde um par de chinelos, passando por comida, e chegando a uma piscina plástica para uma criança com câncer, que não pode ser exposta ao sol.
Fiz a proposta aqui em casa para que apadrinhássemos algumas delas. Sei que alguns dirão que não estamos resolvendo o problema, mas, ao menos, fazemos uma parte. Diminuímos o sofrimento de algumas delas e sentimos a alegria de fazer por alguém desconhecido o suficiente para que o “espírito de Natal” se faça presente.
Mas acho que este chamado tem outro forte elemento: tira-nos da volta dos nossos problemas e daquilo que nos atormenta. Faz-nos ver que embora tenhamos a sensação de que os nossos são os maiores, podemos considerá-los insignificantes, diante do que outras pessoas enfrentam. Estamos com dor de cabeça? Há alguém que vai amputar uma perna. Temos pouco dinheiro? Há alguém em desespero por não ter nenhum e nem como colocar comida na mesa. Temos uma angústia por não poder resolver um problema imediato de um filho? Há uma mãe que já perdeu o seu e que tem no coração a marca dolorida da saudade.
Não seria capaz de fazer “hô, hô, hô, hô” nesta data, mas sim olhar nos olhos de uma criança que pediu um presente e dizer: “feliz esperança, Que ela jamais morra no seu coração!” Para nós, com certeza, restará um “desestressado” Natal!
Creio que uma boa forma de fazer isto é atendendo ao pedido dos Correios: buscar a carta de uma criança encaminhada ao Papai Noel e que, sem ajuda da população, não poderá ser atendida. Um jornal estadual publicou dez das muitas cartas enviadas e, confesso, fiquei emocionado com a simplicidade dos pedidos: desde um par de chinelos, passando por comida, e chegando a uma piscina plástica para uma criança com câncer, que não pode ser exposta ao sol.
Fiz a proposta aqui em casa para que apadrinhássemos algumas delas. Sei que alguns dirão que não estamos resolvendo o problema, mas, ao menos, fazemos uma parte. Diminuímos o sofrimento de algumas delas e sentimos a alegria de fazer por alguém desconhecido o suficiente para que o “espírito de Natal” se faça presente.
Mas acho que este chamado tem outro forte elemento: tira-nos da volta dos nossos problemas e daquilo que nos atormenta. Faz-nos ver que embora tenhamos a sensação de que os nossos são os maiores, podemos considerá-los insignificantes, diante do que outras pessoas enfrentam. Estamos com dor de cabeça? Há alguém que vai amputar uma perna. Temos pouco dinheiro? Há alguém em desespero por não ter nenhum e nem como colocar comida na mesa. Temos uma angústia por não poder resolver um problema imediato de um filho? Há uma mãe que já perdeu o seu e que tem no coração a marca dolorida da saudade.
Não seria capaz de fazer “hô, hô, hô, hô” nesta data, mas sim olhar nos olhos de uma criança que pediu um presente e dizer: “feliz esperança, Que ela jamais morra no seu coração!” Para nós, com certeza, restará um “desestressado” Natal!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Um livro para ouvir
Em diversos lugares – hospitais, escolas, casas geriátricas, centros sociais – aparece uma figura que se intitula de “contador de histórias” (antigamente usávamos “estórias”, para diferenciar ficção de fato). Tentam melhorar a vida daqueles que têm alguma dificuldade física para a leitura e, além de contar uma história, buscam interpretá-la, tornar vivo na imaginação de crianças e adultos o que o autor escreveu.
Minha lembrança de “contador de história” é do tempo de criança, quando minha mãe nos reunia na cama, em dias frios, e, por não existir luz elétrica, substituía a televisão, em narrativas que encantavam nossas noites. Mas adorávamos quando o pai adoecia, não importava em que grau, pois íamos todos para a cama com ele, que tinha que contar histórias novas - diferentes da mãe - com mais elementos de ação, violência e terror.
Foi pensando nisto que acompanhei com atenção um grupo de alunos de uma das disciplinas do curso de Jornalismo da Católica que resolveu transformar em áudio livro os “Causos do Romualdo”, personagem famoso de João Simões Lopes Neto, passados nas plagas do Rio Grande. Com uma bela intenção: oferecer à clientela da Escola Louis Braille, que presta assistência a pessoas com deficiência visual.
Conseguiram valorizar uma obra nossa, com características tipicamente gaúchas, e colocar à disposição daqueles que poderão ouvir um livro. Mas fiquei pensando que, além deles, também vão poder escutar os contos pessoas idosas, com dificuldade de visão; pessoas debilitadas, com dificuldade de concentração; pessoas com baixa escolaridade, que muitas vezes são somente alfabetizados funcionais; e a minha categoria: dos preguiçosos estruturais, que adoram um aparelho de som, com seus fones e uma rede, nas férias, podendo ouvir boas histórias ou bons textos de auto-ajuda, religiosos e mesmo de pesquisa como já existem na área da história, comunicação etc.
Não vou entrar na discussão da substituição do papel por um meio eletrônico. Não vem ao caso. O importante é que se amplie a abrangência do livro. Se ele pode ser acessado por mais gente, que pode usufruir do entretenimento, da formação e da informação, é bem vindo, com o desejo de que amplie mundos e faça mais gente feliz.
Minha lembrança de “contador de história” é do tempo de criança, quando minha mãe nos reunia na cama, em dias frios, e, por não existir luz elétrica, substituía a televisão, em narrativas que encantavam nossas noites. Mas adorávamos quando o pai adoecia, não importava em que grau, pois íamos todos para a cama com ele, que tinha que contar histórias novas - diferentes da mãe - com mais elementos de ação, violência e terror.
Foi pensando nisto que acompanhei com atenção um grupo de alunos de uma das disciplinas do curso de Jornalismo da Católica que resolveu transformar em áudio livro os “Causos do Romualdo”, personagem famoso de João Simões Lopes Neto, passados nas plagas do Rio Grande. Com uma bela intenção: oferecer à clientela da Escola Louis Braille, que presta assistência a pessoas com deficiência visual.
Conseguiram valorizar uma obra nossa, com características tipicamente gaúchas, e colocar à disposição daqueles que poderão ouvir um livro. Mas fiquei pensando que, além deles, também vão poder escutar os contos pessoas idosas, com dificuldade de visão; pessoas debilitadas, com dificuldade de concentração; pessoas com baixa escolaridade, que muitas vezes são somente alfabetizados funcionais; e a minha categoria: dos preguiçosos estruturais, que adoram um aparelho de som, com seus fones e uma rede, nas férias, podendo ouvir boas histórias ou bons textos de auto-ajuda, religiosos e mesmo de pesquisa como já existem na área da história, comunicação etc.
Não vou entrar na discussão da substituição do papel por um meio eletrônico. Não vem ao caso. O importante é que se amplie a abrangência do livro. Se ele pode ser acessado por mais gente, que pode usufruir do entretenimento, da formação e da informação, é bem vindo, com o desejo de que amplie mundos e faça mais gente feliz.
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