domingo, 27 de julho de 2025

Reinventa-me!

Simplesmente assim:


Na noite escuŕa em que uma estrela cadente

Reúne energias e mergulha no meu Universo,

Crio coragem e suplico: reinventa-me!

Faz-me novo, como a primeira explosão

De onde despontaram todos os astros.

As luzes que cravejam os céus têm o gosto de Infinito,

Onde as lágrimas brilham como coisas almejadas

E suspiram com a energia desamparada de um soluço.

 

O Criador moldou o ser humano 

Reunindo fragmentos das estrelas.

Razão para olhar bem no fundo dos teus olhos,

Onde permanecem resquícios de profundezas insondáveis.

Recriar-me é redescobrir os propósitos que alimentei 

E, com o tempo, deixei escorrer pelas teias do destino.

Desejava escrever meu nome por entre as estrelas,

Mas apenas o fiz por sobre as areias.

Ao invés de cada letra faiscar como um luzeiro,

Apenas viveram fugidias como sonhos irrealizados…

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 26 de julho de 2025

“O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien

Leituras e lembranças:

"O Senhor dos Anéis" é uma obra-prima da literatura fantástica, escrita por J.R.R. Tolkien, que transcende gerações com sua rica mitologia e temas profundos. A história se passa na Terra Média, um mundo habitado por humanos, elfos, anões, hobbits e orcs. O enredo principal gira em torno da Guerra do Anel, um conflito monumental contra o Senhor do Escuro Sauron. Séculos antes dos eventos da trilogia, Sauron forjou o Um Anel, um objeto de imenso poder capaz de controlar todos os outros Anéis de Poder e, consequentemente, dominar a Terra Média.

O Anel, perdido por muito tempo, é encontrado por Bilbo Bolseiro (em "O Hobbit") e passa para seu sobrinho, Frodo Bolseiro, um hobbit pacato do Condado. O mago Gandalf revela a Frodo a verdadeira e perigosa natureza do Anel: ele busca retornar ao seu mestre, Sauron. Para evitar que Sauron recupere seu poder total, o Um Anel precisa ser destruído. A única forma de fazer isso é jogá-lo nas chamas da Montanha da Perdição, em Mordor, o domínio de Sauron.

Frodo assume a difícil e perigosa missão de destruir o Anel. Ele parte em uma jornada árdua e cheia de perigos, acompanhado por uma Sociedade do Anel formada por nove companheiros representando as raças livres da Terra Média: hobbits, humanos, elfos, um anão e o mago Gandalf. Ao longo da jornada, a Sociedade se desfaz, e Frodo e Sam seguem sozinhos, enfrentando a corrupção do Anel e a ameaça constante de Gollum, uma criatura que foi corrompida pelo Anel séculos antes e agora o deseja de volta obsessivamente.

Paralelamente à jornada de Frodo e Sam, os outros membros da Sociedade se envolvem em grandes batalhas, como a Batalha do Abismo de Helm e a Batalha dos Campos de Pelennor, liderando a resistência contra as forças de Sauron e seus aliados. O destino da Terra Média repousa nos ombros de Frodo e Sam, que, com grande sacrifício e determinação, conseguem chegar à Montanha da Perdição e, no clímax da história, destruir o Um Anel, derrotando Sauron e restaurando a paz na Terra Média.

"O Senhor dos Anéis" é muito mais do que uma simples história de fantasia. É uma obra com uma profundidade imensa, rica em simbolismo e temas que ressoam com a experiência humana. Onde se aborda a luta entre o bem e o mal, coragem e heroísmo, amizade e lealdade, natureza e industrialização, morte e imortalidade, O poder e a corrupção. "O Senhor dos Anéis" não é apenas um marco na literatura fantástica; é um fenômeno cultural. 

Sua influência pode ser vista em inúmeras obras de fantasia que vieram depois, desde livros e filmes até jogos e outras mídias. Tolkien criou um universo tão detalhado e consistente que a Terra Média se tornou um lugar quase real para muitos leitores. Sua construção de línguas, mitologias e culturas estabeleceu um novo padrão para a criação de mundos de fantasia. A obra fascina e inspira, oferecendo não apenas uma aventura emocionante, mas também reflexões profundas sobre a moralidade, a responsabilidade, o sacrifício e a capacidade do indivíduo comum de fazer a diferença em um mundo em crise. (Pesquisa e imagem com auxílio da IA Gemini).

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Lembram do “troar dos canhões”?

Artigo da semana:

A indústria armamentos foi a que, sem sombra de dúvida, mais cresceu nos últimos anos. Sendo a disputa entre fronteiras ou mesmo guerras internas, a animosidade foi insuflada dissimuladamente ou, até, de forma explícita, com jogadas de marketing que colocaram no cenário internacional supostos líderes que se mostraram fantoches dos “senhores da guerra”.  Falar de Trump, Putin, Netanyahu (entre outros) é falar de homens que se aproveitam da fragilidade política da população, cansada de políticos oportunistas e que se convencem de que estes têm “punho forte” para estancar a sangria em que vivem as democracias.

As guerras, assim como os desmandos administrativos e políticos, tornaram-se a normalização. Como existem conflitos todos os dias, assim como escândalos de mau uso dos recursos públicos, o homem (e a mulher) comum assimila como se fizesse parte do quotidiano. Até parece estranho quando não se tem “novidades” a respeito. Sem que se dê conta de que, na beligerância ou na sangria dos cofres públicos, quem perde é o próprio cidadão que vê minguar - e piorar - serviços de saúde, educação, transporte, moradia…

Não há justificativa para a guerra ou qualquer outro tipo de violência. Inclusive as que degradam o sentimento de humanidade. A morte em massa ou por ausência de um estado socialmente responsável mostra o quanto se falhou em alcançar os mínimos direitos para todos. Infelizmente, os citados podem ser considerados os “senhores do mal” que, como a maioria dos políticos, apenas pensam no eleitor quando precisam do seu voto. 

Na atualidade, alguém que grite pela paz, justiça e solidariedade não existe. Silenciados ou omissos, sem força para se contrapor. O papa Francisco foi o último. O que lhe valeu, ainda hoje, a pecha de que era “comunista”, por bradar pela Doutrina Social da Igreja. Leão XIV apenas “engatinha”, ainda respondendo de forma burocrática e pautada por “sensibilidades” diplomáticas.

Lembram do “troar dos canhões”? Pois as guerras maquiaram até o troar dos canhões, de tal forma que se tornaram conflitos assépticos. Os cadáveres são devolvidos embalados e, nos conflitos causados pela violência ou a fome, os corpos desaparecem nos necrotérios. Disputas internacionais sempre foram alimentadas por vaidades e interesses econômicos. Na ponta do lápis, torcer por “a” ou “b” é apenas fazer parte da grande massa que se deixa manipular. Sem compreender que se joga na fogueira o futuro dos nossos filhos e das gerações que ainda sequer despertaram para a vida… (Imagem gerada pela IA Gemini)

domingo, 20 de julho de 2025

O derradeiro acalento

Simplesmente assim:

Há um recanto na casa onde 

O derradeiro raio de Sol alenta um espírito

Inquieto, que contempla os estertores do entardecer.

Ali, o silêncio segue o ritmo

Marcado pelo murmúrio do vento, 

Embalando as folhas das janelas, 

Na música que faz trilha aos devaneios. 

Mãos cruzadas sobre uma manta, no colo, 

Quando o infinito habita o olhar de quem 

Se divorciou da esperança e a cura chega 

Quando se aceitam os momentos de solidão...


O derradeiro acalento remexe as brasas, 

Persistindo em ainda sonhar com o aconchego.

No pó que flutua em frente à janela,

Os braços se envolvem mitigando a dor da solidão.

Não há sons, sequer se ouvem ruídos das ruas. 

O tempo se mira no espelho 

Com o gosto do que escapa por entre os dedos, 

A sensação de que se perdeu 

A oportunidade de acreditar em um novo alvorecer…

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 19 de julho de 2025

Operação Cavalo de Tróia, de J. J. Benítez

Leituras e lembranças:

A série "Operação Cavalo de Tróia", do espanhol J.J. Benítez, é uma das mais controversas e populares obras que misturam ficção científica, esoterismo e teologia. Composta por diversos volumes (eu conhecia nove, mas o Gemini informa que, atualmente, são 12, com o 13º anunciado), a saga se apresenta como a transcrição de diários secretos de um major da Força Aérea dos EUA que teria participado de uma missão ultrassecreta.

O governo dos Estados Unidos, em parceria com uma equipe científica, desenvolveu uma tecnologia capaz de realizar viagens no tempo. O objetivo da missão, batizada de "Operação Cavalo de Tróia", não é alterar o passado, mas sim obter informações precisas sobre a figura de Jesus de Nazaré. Para isso, um astronauta/piloto militar, referido como Major Jasão (o narrador dos diários), é enviado a diferentes momentos da Palestina do século I, com foco principal nos últimos anos da vida de Jesus.

O cerne da obra é a apresentação de uma visão de Jesus que difere significativamente dos relatos bíblicos tradicionais e dogmas religiosos. Benítez descreve um Jesus mais humano, com emoções intensas, humor e até mesmo momentos de vulnerabilidade. O autor frequentemente enfatiza a mensagem de amor incondicional e a liberdade de Jesus, em contraste com as instituições e tradições da época.

Um dos pontos fortes da série - que cativa muitos leitores - é a minuciosa descrição da Palestina do século I. Benítez (através de Jasão) explora a geografia, a cultura, os costumes, a política e a vida cotidiana da época. As descrições são ricas em detalhes sensoriais, transportando o leitor para aquele período. Isso se deve à extensa pesquisa que o autor afirma ter realizado para construir o cenário.

Além da figura de Jesus, Benítez incorpora elementos de ufologia, espiritualidade, reencarnação e outros temas esotéricos, especialmente nos volumes posteriores. Isso amplia o escopo da série para além da história de Jesus, conectando-a a uma visão que pretende ser mais ampla do universo e da existência.

"Operação Cavalo de Tróia" desafia concepções tradicionais sobre a história e a figura de Jesus. Seus méritos estão na capacidade de imergir o leitor na Palestina do primeiro século  e apresentar uma visão "alternativa" de Jesus. No entanto, é crucial abordá-la como ficção especulativa (mesmo que o autor defenda o contrário), para evitar confusões com a história ou a teologia. A série continua a cativar um grande número de leitores, provocando impacto no imaginário popular. (Com pesquisa e ilustração da IA Gemini)

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Novos tempos, velhos problemas

Artigo da semana:

“Ressignificar” é uma palavra poderosa. Uma amiga gosta muito de usá-la em seus textos. E passei a olhar de uma forma diferente para ela. Não é o mesmo que “narrativa”, que já vem eivada de nuances ideológicas, capaz de suportar mais significados do que aquele que lhe é dado pelo dicionário, ou pelo entendimento dos estudiosos. As próprias palavras carregam seu peso de significados (sim, no plural) conforme o seu uso, a ocasião e a história de quem constrói o próprio modo de fala (o seu discurso).

Só para refrescar a memória. Tem-se um “ressignificar” quando se faz a junção do prefixo “re-”, que indica repetição ou algo de novo, com o verbo “significar”. Portanto, é, essencialmente, atribuir um novo sentido a algo. |Um processo de transformação que envolve a atribuição de diferentes acepções, buscando a superação de padrões antigos e a construção de novos entendimentos sobre a realidade. Pode parecer meio complicado, mas não tem importância, são coisas da língua portuguesa…

Hoje, uma das áreas em que se faz presente é, exatamente, a da comunicação social, especialmente pelos meios de comunicação convencionais, como rádio, televisão, jornal e cinema. A dinâmica das novas mídias fez o que não se previa no final do século XX: a reformulação da forma como estão presente na vida das pessoas. Para quem lembra do radinho de pilha, por exemplo, ele foi substituído pelo celular, que oferece uma gama de serviços, incluindo as rádios comerciais e institucionais.

Emissoras que se ressignificam precisam investir em novas tecnologias e parear conteúdos em variadas plataformas. Exigindo muitos (e bons) investimentos técnicos e adequação profissional. Voltou-se ao caso das emissoras de rádio, hoje, utilizando de recursos de texto e imagem, que possibilitam enriquecer o seu tradicional conteúdo de áudio. Com uma rica gama de opções, infelizmente, em muitos casos, virou apenas um veículo de rádio que também se assiste na tela.

Ressignificar… Num tempo em que meios de comunicação optam por pautas pobres, especialmente de polícia e escândalos, cria-se um desafio.A pressa da informação não significa a velocidade do conhecimento. Uma enxurrada de notícias não significa alguém bem informado. Mesmo que nem todos a entendam, resta o entretenimento e a vulgaridade desgastando o sentido da cidadania. Comprova que novos recursos nem sempre melhoram a vida. Às vezes, apenas disfarçam velhos problemas…

domingo, 13 de julho de 2025

Tu és o meu sonho

Simplesmente assim:


Tu és o meu sonho e a minha realidade.

Não importa quantos anos tens,

O tempo que convivi contigo,

O quanto fomos próximos ou distantes.

Foi te ouvindo, me deixando cativar,

Que entendi:

Sempre precisei ter aqueles

Que amei na mira da minha esperança.

Envolto por carinho que se tornou

O abrigo seguro onde ancorei meu coração,

Sôfrego por tua disponibilidade e compreensão.

 

Não entendi quando o teu silêncio

Ajustou o manto protetor sobre a minha inexperiência.

Sabias que o meu mundo se contorcia em expectativas.

Colocavas em possibilidades as minhas certezas,

Que não resistiam à tua ternura.

Cada gesto teu, cada palavra, transbordavam a vida em que

Os obstáculos se transformaram em oportunidades.

Mesmo assim, não impediste que eu também os enfrentasse,

Sabendo que eu iria definhar se fosse por demais protegido.

Tua presença foi um final feliz, quando mergulhei 

No aconchego que somente encontrei à sombra do teu olhar...

(Com imagem gerada pela IA Gemini)

sábado, 12 de julho de 2025

O Mestre dos Mestres, de Augusto Cury

Leituras e lembranças:

Minha intenção não é fazer proselitismo (colocar goela abaixo), mas compartilhar conhecimento. Este o motivo de comentar um dos livros que me influenciou quando falo em sala de aula, palestras e textos: "O Mestre dos Mestres" é uma das produções mais conhecidas de Augusto Cury e faz parte da série "Análise da Inteligência de Cristo". Cury se propõe a compreender a psicologia da figura de Jesus Cristo, não sob uma perspectiva religiosa tradicional, mas sim como um educador e pensador.

O escritor, sendo psiquiatra, aborda Jesus sob uma ótica da inteligência emocional e da psicologia multifocal. Ele busca desmistificar a figura de Jesus, tirando-o do pedestal puramente religioso e o apresenta como um ser humano com uma mente brilhante, capaz de: gerenciar emoções em situações de pressão; pensar de forma livre e fora dos padrões da sua época; comunicar-se com empatia e sabedoria, fazendo perguntas que instigam a reflexão; ensinar de forma inspiradora, sem impor dogmas, mas provocando o autoconhecimento; amar incondicionalmente e incluir os excluídos sociais.

O livro explora aspectos da inteligência de Jesus, como: A arte de pensar: como desenvolveu seus pensamentos e como sua mente operava. A gestão da emoção: Sua capacidade de manter a serenidade e a paz interior mesmo diante de adversidades, críticas e perseguições. A didática: A forma única como ensinava, utilizando parábolas e questionamentos para estimular o aprendizado e a reflexão. Capacidade de se colocar no lugar do outro: a empatia e compaixão pelas dores e necessidades humanas. A liderança: Como inspirava e transformava as vidas de seus seguidores.

A obra de Cury destaca uma perspectiva diferente, fascinante tanto para religiosos quanto para não religiosos. Um Jesus mais "humano" e acessível. Numa linguagem clara e envolvente, o que torna a leitura fácil e agradável para um público amplo. Com menos foco na divindade: É importante notar que o livro se concentra na inteligência e nos aspectos psicológicos de Jesus, e não em sua divindade ou em uma abordagem teológica.

Pode-se dizer que "O Mestre dos Mestres" é uma jornada intelectual e emocional que convida o leitor a mergulhar na mente de Jesus Cristo e a extrair lições valiosas para a vida cotidiana, independentemente da sua crença. Um convite à reflexão sobre liderança, gestão emocional, empatia e a arte de viver com sabedoria. (Com pesquisa e imagem gerada pela IA Gemini)

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Revisitando o passado

Artigo da semana:

As novas tecnologias deram, àqueles que conseguiram vencer o século XX, o privilégio de acessar os registros de momentos marcantes nas últimas décadas. Desde que a fotografia, o vídeo e o som passaram a conservar recortes de vida, enriquecendo a compreensão de eras passadas. Casos como, recentemente, assisti Ronnie Von cantando a música A Praça (uma das muitas que ainda sei de cor), numa abertura da Praça é Nossa (humorístico) e no programa da Hebe (já falecida, ambos no SBT). 

Um turbilhão de lembranças de um tempo em que este acesso era difícil, porém, hoje, se faz presente na forma de “vale a pena ver de novo” em filmes, novelas, programas de auditório, atividades esportivas. Enfim, nutrem uma sensação de nostalgia por um tempo mais simples, quando os ídolos pareciam existir em um reino além da realidade. As novas tecnologias possibilitam conviver com os tempos em que este acervo se formava e não havia, ainda, instrumentos para o seu acesso.

Hoje, vive-se num tempo de solidão institucionalizada (negada ou menosprezada) e revisitar o passado é uma das formas de superar o isolamento não apenas para idosos e pessoas doentes, mas para muitos que, no dia a dia, sentem falta do convívio social e familiar. Para estes, o que é classificado como perigo por especialistas no uso das telas ao acessar as redes sociais e streaming, é a oportunidade de sentir-se participe de algum tipo de relacionamento humano. Mesmo que seja a distância.

Recentemente, muitos filmes recuperaram personagens que frequentaram o imaginário, como “bom rapaz ou boa mocinha”, em especial dos que foram jovens nas décadas de 70 e 80. É estranho, resgatar uma história de vida, da forma como as produções apresentam, que se distancia dos “modelos” que se “comprava” como sendo os ídolos de então. Revisita-se um passado em que a imagem era a superfície sem manchas e, hoje, as histórias vão sendo contadas com o amadurecer e o distanciamento do tempo.

Emblemático assistir ao filme “Homem com H”, a história de Ney Matogrosso. Em especial, narrando dilemas pessoais (familiares e sexuais), marcando o cenário artístico conturbado de então. Resta um gosto de que a precaridade do sucesso corrói valores e a própria vida, como os mitos do passado que desmoronam muitas vezes sob o peso do tempo e de uma revisão crítica dos fatos, ecoando a pungente canção de Cazuza, "O tempo não para". A imagem concebida de forma ingênua mostra o quanto a juventude é fugaz e cria mitos que não se sustentam na realidade e na revisão da história… (Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

domingo, 6 de julho de 2025

Saborear a vida

Simplesmente assim:


O tempo amadurece o sentimento de que nem tudo

Com o que a gente se importa, de fato, tem valor.

A busca por realização somente é saciada

Quando restam boas lembranças das pessoas

E dos lugares por onde se conviveu.

Viver é uma oportunidade e uma graça.

A chance de experimentar este dom precioso

Que somente se valoriza quando, andado um percurso,

Alcança-se o olhar ao Infinito, 

No encontro de um terno e derradeiro horizonte.


Benditas são as lágrimas que percorrem os sulcos da tua face.

Podem ser de dor, mas também a oportunidade

Para livrar-se dos sentimentos que se tornam desnecessários.

No instante em que a vida se transforma em canção

Ou quando se desafina o tom, sem desistir de cantarolar.

Momento em que não há mais voz para solfejar a letra,

Porém, a música continua assobiando pela memória.

No acalento da saudade, se transforma no desejo

De sorver os poucos segundos que ainda têm o gosto de destino…

(Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com)

sábado, 5 de julho de 2025

“O Natal de Poirot”, de Agatha Christie

Leituras e lembranças

"O Natal de Poirot" se passa na véspera de Natal, quando o tirânico e odiado patriarca Simeon Lee convida seus filhos e esposas para uma reunião familiar em sua luxuosa mansão. A atmosfera está longe de ser festiva, permeada por ressentimentos, segredos e intrigas. A tensão atinge o ápice quando, após o jantar, um barulho ensurdecedor de móveis sendo destruídos é ouvido, seguido por um grito agudo. Simeon Lee está morto em seu quarto, trancado por dentro, em uma poça de sangue, degolado...

O detetive Hercule Poirot está no vilarejo para passar o Natal e oferece ajuda na investigação. Ele se depara com uma família onde todos têm motivos para desejar a morte do milionário. Poirot precisa usar sua astúcia para desvendar as complexas dinâmicas familiares, expor mentiras e descobrir a verdade por trás do brutal assassinato. O mistério se aprofunda com a descoberta de que o crime foi planejado meticulosamente, com reviravoltas surpreendentes e um final chocante.

A ambientação natalina, com seu contraste entre a festividade da época e a brutalidade do crime, adiciona uma camada irônica e impactante à história. Poirot está em sua melhor forma, com sua meticulosidade e observações afiadas, desvendando os mistérios da família Lee. É um livro que diverte e desafia o raciocínio do leitor, sendo altamente recomendado tanto para fãs da autora quanto para quem deseja se aventurar no gênero policial. O final é, como de costume da autora, surpreendente e difícil de prever.

Juntamente com Miss Marple, o detetive Hercule Poirot preencheu o imaginário de muitos leitores, especialmente na segunda metade do século passado. A primeira, também conhecida como Jane Marple, aparece em 12 romances e em 20 contos policiais de Agatha Christie. Solteirona, vive no vilarejo fictício de St. Mary Mead, atuando como “detetive amadora”. O segundo é um personagem extravagante, belga, sem ser modesto e que se gaba da sua inteligência diferenciada…

"O Natal de Poirot" compartilha muitas características com outras obras clássicas da especialista em suspenses, destacando-se aquelas que envolvem o "mistério de quarto trancado" e a reunião de um grupo limitado de suspeitos em um local isolado. "O Natal de Poirot" é um exemplo do estilo e da maestria de Agatha Christie, combinando elementos clássicos de mistério com uma ambientação festiva que adiciona um toque único à trama. É um livro que solidificou sua reputação como a "Rainha do Crime". (Este e outros textos em manoeljesus.blogspot.com. Com pesquisa da IA Gemini)


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Mudanças e histórias ressignificadas

Artigo da semana:

Se não existia, criei a expressão “mudanças sempre causam lambanças”. Por temperamento, preciso de um tempo para amadurecer qualquer coisa que me tire da rotina. Ainda mais que a novidade se chamou deixar onde praticamente nasci (viemos de Canguçu para Pelotas em 1959) e lá fiquei por 64 anos, com idas e vindas, sempre onde deixei minhas referências. O lugar que acolheu a mim e a minha família como migrantes numa mistura de carinho e desafio.

Depois de todo este tempo, parti da casa velha onde exercitei minha capacidade de “imitador de arquiteto” com inúmeras construções do tipo “puxadinhos”, ao ponto de que meu padrinho Valdemar brincar comigo e com a Neli (sua esposa) “do que nós iríamos inventar de novidade”. Meu pai construiu o primeiro corpo da casa, depois foi tudo comigo. Com pouco dinheiro, ainda jovem, eu e meu irmão construímos dois quartos independentes na parte superior da casa.

Depois, meu puxadinho chegou a um apartamento completo, onde passei mais de 30 anos. Para juntar as duas casas, um jardim de inverno. E como meu pai era agregador nato, a área gourmet, onde ele e meus cunhados, além de amigos, exercitaram a arte do churrasco. Habilidade que eu não tenho (sequer paciência) de esquentar a barriga na beira do fogo. O tempo levou aqueles com quem tive a alegria de conviver. E a casa foi se tornando grande demais para uma pessoa só.

Como sei que só pego de arranque, conversei com a Roberta, que já alugava a parte debaixo, onde funciona um salão de beleza há mais de cinco anos. Em outras ocasiões, havia manifestado interesse na casa inteira. Propus trocar pela moradia que a Roberta tinha no residencial Moradas Club, ainda na vila Silveira. Ajustamos os finalmente dos “pilas” e chegamos a um acordo. Adverti: o que tiver que ser feito, tem que ser para ontem. “Se eu pensar demais, desisto”.

Tive a ajuda de muitas mãos, inclusive da Roberta e sua irmã, a Renata. Objetivas, competentes, supriram minha total incompetência em organizar transporte e acomodação. Em certos momentos, senti-me tonto e, então, era seguir o fluxo. Hoje, já estou bem instalado, sentindo que a mudança não precisa ser ruim, mas alcançar novos patamares, até nas relações humanas. Não importando a idade e sim não perder a oportunidade de ressignificar a própria história.